(Por Reimei
Yoshioka*)
De 1973 a
1975, fui diretor do campus avançado da Universidade de São
Paulo (USP) em Marabá, no Pará, em convênio com o
Projeto Rondon. E, entre 1976 a 1978, voltei àquele município
como coordenador da implantação da Nova Marabá, cidade
que sofria, ciclicamente, com as inundações, que ocorriam
com as intensas chuvas nas cabeceiras dos Rios Tocantins, Araguaia e Itacaiunas.
Conheci a realidade da região e o projeto da abertura da Rodovia
Transamazônica, a exploração do minério de
ferro da Serra dos Carajás e um pouco da construção
da Usina Hidrelétrica de Tucurui.
Em 1973, Marabá
era uma cidade ribeirinha na confluência dos Rios Itacaiunas com
o Tocantins, com pouco mais de 15 mil habitantes. A economia alicerçava-se
no extrativismo da castanha (Bertholetia excelsa), garimpo, lavoura de
subsistência e pesca artesanal.
Hoje, com a
implantação e a exportação do minério
de ferro de Carajás escoando pela Ferrovia Carajás Itaqui,
a geração de energia pela Usina de Tucuruí, apesar
da precariedade da Transamazônica e do quase total fracasso da colonização
ao longo daquela rodovia, a cidade de Marabá explodiu. A população
ultrapassou os 200 mil habitantes.
Essa introdução
um pouco extensa é importante para compreender a rápida
mudança do cenário amazônico, onde a floresta sofre
processo de devastação e desaparece o extrativismo, que
dava a subsistência à população mais simples,
incluindo os indígenas. Diante dessa realidade, é urgente
salvar a flora e a fauna.
Há 30
anos, mandei sementes de castanha-do-Pará, cupuaçu, pupunha
e algumas outras espécies frutíferas, sobretudo pelo valor
econômico que representa a sua exploração racional,
a alguns amigos do interior na região Noroeste do Estado de São
Paulo. O resultado não era muito animador. A grande dúvida
era: será que essas espécies conseguem sobreviver na região
Sudeste, sobretudo a castanha-do-Pará?
Pois bem, recentemente,
recebi um recado informando-me de que uma castanheira havia germinado,
crescido e estava produzindo num dos municípios. Fiquei exultante
de alegria e confirmei a afirmativa de Pero Vaz Caminha, que dizia, em
sua carta ao Rei de Portugal: A terra é boa e rica, em se
plantando, tudo dá.
O plantio da
castanheira, consorciado com outras frutíferas, poderá ser
uma saída para o reflorestamento das áreas desgastadas pela
pecuária e a agricultura intensiva, por exemplo. E mais, a castanha
é rica em proteína.
Existem inúmeros
obstáculos na sua produção e comercialização,
mas as pesquisas estão adiantadas. Estou convicto de que essa é
uma das alternativas para fazer face ao problema do meio ambiente, à
ocupação das várzeas e ao mercado de trabalho a longo
prazo para todos. Quem se habilita?
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