(Por Xico Graziano*)
A
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil
(CNA) elege, neste começo de novembro, sua nova diretoria. Pela
primeira vez na história, uma mulher comandará a mais poderosa
entidade ruralista do País.
A senadora
Kátia Abreu, nova presidente da CNA, conhece os meandros da política
classista no campo. Ganhou liderança enquanto tocava a fazenda
de gado no Tocantins. Ficou famosa naquele rincão machista.
Os agricultores
brasileiros costumam não gostar da política. Ficam, normalmente,
distantes das eleições, passivos, alguns irritados, como
se o assunto nada tivesse a ver com eles. Ledo engano. Se o pessoal da
roça fosse mais participante, interessado na vida política,
certamente os representantes populares seriam mais simpáticos às
causas do campo. Melhorias poderiam advir.
Prefeitos e
vereadores, por exemplo, comandam o poder municipal e quase sempre olham
apenas para os problemas da cidade, da praça e do asfalto, esquecendo-se
das estradas rurais. Ora, as obras públicas não caem do
céu. Elas dependem da capacidade de cobrança da população
interessada. Isolados, distantes, os agricultores perdem o jogo da política
local.
No contexto
maior, as decisões de governo sobre financiamentos rurais, seguro
de safra, mecanismos de comercialização, entre tantos, sujeitam-se,
claramente, às pressões do Congresso Nacional.
Se os agricultores
não se organizam devidamente, acumulando força reivindicativa,
seus pleitos se esvaziam. E de nada adianta reclamar, tomar cerveja no
boteco e xingar o governo, ou a Prefeitura. Se as coisas não funcionam
conforme se deseja, há que se reivindicar. Assim se constrói
a democracia.
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