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Arte em Letras
Matéria publicada no Zashi edição 5 - Janeiro de 2008

Ehon a arte de narrar com imagens

Livro ilustrado é tido como expressão artística composta por muitas linguagens, dentre elas, a do cinema

(Por: Lúcia Hiratsuka | Ilustrações: Lúcia Hiratsuka*)


Uma das ilustrações do livro Festa no céu, festa no mar, de Lúcia, com previsão de lançamento para o início deste ano

Antigamente, eram os emakis, os rolos que traziam narrativas constituídas essencialmente de pinturas em perfeita harmonia com as palavras.

No início da Era Edo (1603–1867), já existiam os livros. E, pelo domínio da impressão em gravuras de madeira, alcançavam uma grande quantidade, aproximando-se também das crianças, apesar de ainda não serem produzidos visando a esse público. No começo da Era Meiji (1868–1912), podiam ser encontradas até traduções de contos populares do Japão, em gravuras coloridas, para os estrangeiros. Com o desenvolvimento da produção gráfica, surgiam muitas revistas voltadas especialmente para crianças. Elas traziam conteúdos lúdicos, poéticos, textos de alta qualidade literária, ricamente ilustrados, que influenciaram muito os ehons dos dias de hoje.

Expansão do mercado

Aos poucos, o Japão foi conhecendo também os picture books vindos do Ocidente e incorporou muitos dos conceitos de fora. E o mercado editorial, depois do final da Segunda Guerra, expandiu-se cada vez mais e vários autores japoneses foram reconhecidos internacionalmente. Dentre eles, podemos citar: Suekichi Akaba, Chihiro Iwasaki, Mitsumasa Anno, Shinta Cho, entre outros.


Capa do livro de Lúcia dedicado aos contos populares do arquipélago

Os grandes artistas de ehons chamam atenção para a qualidade do desenho. Warwick Hutton, autor inglês, diz que, para se obter uma boa imagem, é preciso um bom desenho de observação. Segundo ele, muitos dos livros ilustrados tentam vender pelas cores e efeitos. E isso é subestimar uma criança.

Características

Dentro de um ehon, a ilustração não é uma imagem isolada, ela dialoga com as palavras (lembrando sempre que é preciso ter um bom roteiro, um bom texto) e dialoga com as outras imagens que se seguem. A fluência da narrativa, o ritmo, ou seja, a montagem do todo torna-se essencial. E Hutton fala sobre esse aspecto. Ao virar a página, deve haver um movimento de uma imagem para a outra. É preciso definir como essas imagens acontecem em seqüência, criando planos próximos, médios, distantes, dando movimento como em um filme.

Além do cinema, outras linguagens compõem um livro ilustrado. Alguns utilizam os recortes de cenas dos quadrinhos, outros destacam a expressão corporal do teatro, ou o decorativo das estamparias.

Então, podemos afirmar que um ehon é uma expressão artística que tem como suporte o objeto livro.

No Brasil, o histórico de livros ilustrados ainda é algo recente, mas temos obras de alta qualidade, livros lúdicos e poéticos, que ajudam a expandir a imaginação natural das crianças. E encantam também os adultos.


* Lúcia Hiratsuka é autora de livros para crianças, premiada com APCA’95, menção Altamente Recomendável FNLIJ, 3º lugar no JABUTI 2006 na categoria ilustrações. Suas obras mais recentes são: Lin e o outro lado do bambuzal (edições SM), Contos da Montanha (SM), Histórias Tecidas em Seda (editora Cortez), Histórias de Mukashi (editora Elementar) e lança, no início deste ano, Festa no Céu/Festa no Mar (editora DCL). Para conhecer mais: www.luciahiratsuka.com.br.

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