Contos
Japoneses Contemporâneos
Gênero
da literatura do arquipélago conta com expoentes
conhecidos dentro e fora do país
(Por
Meiko Shimon* - Ilustração: Claudio Seto)
Independentemente
da definição na teoria literária,
usaremos o termo conto no sentido de narrativa
de pouca extensão. Também é
necessário esclarecer que, na literatura japonesa,
o período chamado de contemporâneo
começa com o fim da Segunda Guerra.
Depois
de Ryunosuke Akutagawa (1892-1927), autor de Rashomon
(1915) e Dentro do bosque (1922), adaptados por Akira
Kurosawa para o filme Rashomon, o nome mais importante
seria Yasunari Kawabata (1899-1972), que criou um gênero
de contos breves chamados de Contos da Palma da Mão.
Começou
a escrevê-los nos anos 20, somando ao todo cerca
de 150 contos, que, no seu conjunto, comprovam a amplitude
e a riqueza da visão de vida e arte de Kawabata.
As criações da época de sua juventude,
quando fora líder ativo do movimento modernista
japonês, foram escritas sob forte influência
de técnicas modernistas européias. E, na
sua fase mais amadurecida, expressava reflexões
profundas sobre a razão de existência dos
homens nesta vida e a morte como uma extensão de
vida.
Já
os contos de Kenzaburo Oe (1935- ), escritos na segunda
metade dos 50, eram vozes da juventude da sua geração,
cansada de esforços inúteis e sem perspectiva
para o futuro. Com o decorrer dos anos, refletindo a maturidade
adquirida pela vivência do próprio autor,
seus temas passam a abordar as questões humanitárias
de uma forma mais abrangente.
O
autor mais representativo da nova geração,
sem dúvida, é Haruki Murakami (1949- ).
Tem vasta produção de contos, inclusive
os short-short, versando sobre temas também abrangentes.
Os personagens e os cenários de Haruki não
se limitam ao Japão e aos japoneses. Apesar disso,
sua visão de mundo e sua sensibilidade narrativa
não deixam dúvida de que se trata de um
escritor japonês. Suas obras, contos ou romances,
têm grande aceitação dentro e fora
do Japão, tanto no Oriente quanto no Ocidente,
como convém ao escritor do século XXI.
|