O
Modelo Emater de Produção de Tilápias já
está sendo divulgado para os produtores das regiões
de Cascavel e Toledos. Técnicos da Emater e de outras
instituições que lidam com a piscicultura em todo
o Estado também estão recebendo o conteúdo
desta proposta em encontros, reuniões e cursos.
O
objetivo é orientar o produtor rural que cria tilápias,
uma vez que hoje ele enfrenta dois grandes desafios. O primeiro,
tornar a atividade lucrativa, economicamente viável;
e o segundo, atingir este objetivo de forma ambientalmente correta,
sem agredir o meio ambiente.
No
oeste, onde se concentra o principal pólo de piscicultura
do Estado, a extensão rural oficial vem trabalhando com
os agricultores da região com a finalidade de ajudar
a resolver esse dilema. A experiência exigiu a instalação
de diversas unidades de referência e trouxe como resultado
a definição do Modelo Emater de Produção
de Tilápias em viveiros construídos na terra.
Segundo
Luiz Danilo Muehlmann, extensionista que participa do projeto,
nas regiões de Toledo e Cascavel a produtividade média
da tilapicultura é de aproximadamente 5 mil quilos por
hectare. Neste ambiente, nós vamos encontrar situações
bastante diversas. Primeiro, um grupo de criadores que usa pouca
tecnologia, conduz as criações sem causar impactos
negativos ao meio ambiente; mas, em compensação,
colhe pouco e não consegue boa lucratividade, analisa.
No
outro extremo, identificamos uma outra categoria de piscicultores
que adota alto padrão tecnológico, obtém
produtividades expressivas até 30 mil quilos por
hectare e rentabilidade satisfatória, mas que
encontra dificuldades para realizar isso de forma segura, sem
colocar em risco a qualidade do meio ambiente no entorno das
criações. O Modelo Emater de Produção
de Tilápias procura aproximar esses extremos e tornar
a atividade sustentável tanto do ponto de vista ambiental
quanto econômico, detalha o técnico.
A
proposta
Nos sistemas superintensivos de criação, os viveiros
mantêm uma grande concentração de peixes
por metro cúbico de água e a alimentação
deles também é feita de forma artificial, com
o uso de rações balanceadas. Neste caso,
então, vamos sempre correr o risco de ter a produção
de substâncias indesejáveis (fósforo e nitrogênio,
por exemplo) que, quando lançadas no meio ambiente (córregos
ou rios), durante o processo de renovação da água
do viveiro, acabam se tornando um problema, explica Muehlmann.
O
Sistema Emater de Produção de Tilápias
estabelece como meta uma produtividade média entre 10
e 12 toneladas por hectare. Para atingir esse resultado, o piscicultor
adota um adensamento menor de peixes por área e pode
diminuir o uso de ração balanceada estimulando,
através de práticas de fertilização
e manejo, a produção de fitoplâncton e zooplâncton
para a alimentação dos peixes.
A
alimentação representa em média 70% do
custo de produção da tilápia. O uso racional
deste recurso pode contribuir para a melhoria da rentabilidade
e também para a diminuição dos riscos ambientais.
O volume de ração que será colocado no
viveiro é definido em função da biomassa
(volume de peixes existente por metro cúbico de água).
Esta, por sua vez, é calculada multiplicando o peso médio
dos peixes (definido semanalmente através da biometria)
pelo número de alevinos colocado no tanque durante o
povoamento.
Por
isso, é muito importante o criador produzir o alevino
juvenil. Ao invés de usar diretamente o alevino I, que
pesa entre 0,3 e 0,5 gramas, ele vai colocar no viveiro um peixe
maior, com 25 gramas. Neste caso, a mortalidade cai para menos
de 10%. Um exemplo: o criador coloca 100 alevinos e, na hora
de fornecer a alimentação, sabe que tem praticamente
a mesma quantidade de animais consumindo a ração.
Não há desperdício, conta Muehlmann.
A
aeração artificial é outra tecnologia indicada
para melhorar o desempenho produtivo da criação
e estabilizar a qualidade da água. Recomendamos
essa prática sempre que a biomassa ultrapassar 6 mil
quilos por hectare. Com uma biomassa de 3 mil quilos por hectare,
por medida de segurança, o recurso já deve estar
disponível. A aeração vai promover uma
desestratificação das colunas de água (misturar
a água do fundo do viveiro com a de cima); incorporar,
ainda, oxigênio da atmosfera e provocar a expulsão
dos gases tóxicos, se tiver, explica o extensionista
da Emater.