Arquivo
NB / Cristiane Sandim/Seprotur / Divulgação
O
mexilhão dourado é uma espécie ainda desconhecida
entre os piscicultores do Mato Grosso do Sul, mas os pesquisadores
da Embrapa Pantanal já estão de olho desde 98. Já
em um estudo mais recente incrustações do mexilhão
dourado foram diagnosticados no Rio Miranda, em 2003, sendo observada
sua presença até a altura de Passo da Lontra.
Segundo
pesquisas da Embrapa Pantanal, o mexilhão dourado é
um bivalve de, no máximo, 4 cm de comprimento. Possui uma
forma larval, que é livre, e, na fase adulta vive fixo
a qualquer substrato duro, formando agregados e cobrindo extensas
superfícies.
Ele
é originário dos rios da China e chegou à
América do Sul na água de lastro dos
navios (utilizada como peso para dar maior estabilidade nas manobras)
que fazem comércio entre países asiáticos
e a Argentina. Foi registrado pela primeira vez em 91 na foz do
Rio da Prata, segunda maior bacia fluvial da América do
Sul, formada principalmente pelos rios Paraguai e Paraná.
Segundo
a bióloga da Embrapa Pantanal e responsável pela
pesquisa, Márcia Divina de Oliveira, a capacidade de reprodução
é o mais preocupante. Cada animal pode produzir mais
de 1 mil larvas que se tornam adultas em 20 dias. Nas nossas vistorias
nas águas do Rio Paraguai, por exemplo, os diagnósticos
registraram aproximadamente 10 mil mexilhões por metro
quadrado, explica. Por isso, o cuidado deve se multiplicar
principalmente nos meses de abril e maio, quando a reprodução
atinge o seu ápice.
Assim,
o bivalve está incomodando os piscicultores. Márcia
salienta que há possibilidades de os produtores perderem
toda sua criação caso seja diagnosticado algum vestígio
da espécie em seus criatórios.
Enquanto
isso, o assessor técnico da Câmara Setorial da Piscicultura
da Seprotur, Fernando Moraes Vilas Boas parte do pressuposto que
na piscicultura a prevenção desses invasores é
mais fácil do que nos rios. Caso atitudes não
sejam tomadas a invasão do mexilhão pode comprometer
todo um ciclo de manejo dentro da cultura ocasionando morte dos
peixes e ainda influenciar na qualidade da água,
alerta.
Acontece
que várias espécies de peixes do Pantanal estão
se alimentando dos mexilhões. Os efeitos ainda não
são conhecidos, afirma Márcia, mas espécies
invasoras podem trazer novas doenças transmitidas por vírus
e bactérias. Enquanto isso nos sistemas de refrigeração
dos motores das embarcações ele impediria que a
água circule causando aquecimento do motor, o que conseqüentemente
pode levá-lo a fundir.
Logo,
além do prejuízo para o próprio investimento,
a venda de alevinos para outros Estados será dificultada,
pois muitos compradores os utilizam em reservatório de
geração de energia, e essa pode ser uma porta de
dispersão do mexilhão dourado para outros rios brasileiros.
Conforme
explicações da pesquisadora, os prejuízos
não param por aí. Tanto ambiental como econômico,
será incalculável se medidas de controle de dispersão
não forem tomadas. Para que os piscicultores e todos os
envolvidos não tenham prejuízos futuros Márcia
sugere uma lista de alguns cuidados que podem ser tomados. Para
a navegação no Rio Paraguai e seus afluentes, sugere-se
o uso de tintas anti-incrustantes nos cascos das embarcações.
|