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Anchin e Kiyohime
 

Adaptação livre de Claudio Seto
(Texto e desenhos: Claudio Seto)

 

Há muitos e muitos anos, havia um jovem monge chamado Anchin. Todos os anos, ele fazia uma peregrinação nos Caminhos de Kumano. Certa ocasião, quando se dirigia a um templo em Kumano, começou a escurecer, então ele procurou uma casa onde pudesse passar a noite. Encontrou uma aldeia chamada Hidaka e bateu à porta da primeira casa. Foi atendido por um senhor que era o administrador da aldeia.

– O senhor poderia me dar pousada por esta noite? Estava indo para um templo, quando fui surpreendido pelo entardecer.

O homem recebeu-o cordialmente. Ele tinha uma bela filha adolescente chamada Kiyohime. Anchin elogiou a beleza da garota e disse brincando que viria buscá-la depois de três anos para se casar com ela.

Na manhã seguinte, Anchin seguiu em peregrinação.
Três anos se passaram e Anchin novamente estava fazendo a peregrinação pelos Caminhos de Kumano. Por coincidência, quando passava próximo da aldeia, o tempo fechou e começou a escurecer. Lembrando que já conhecia o administrador local, foi pedir hospedagem.

O monge já nem se lembrava da menina Kiyohime, mas, ao vê-la na casa do administrador, a lembrança voltou à mente do monge. Ao mesmo tempo, o religioso ficou muito surpreso ao constatar que ela havia se transformado em uma bela mulher.

Anchin já havia pegado no sono quando foi despertado pela presença de Kiyohime ao lado de seu leito. Ela se atirou em seus braços e disse emocionada.

– Obrigada por ter vindo me buscar. Esperei tanto por esse momento que, durante três longos anos, fiquei contando os dias à sua espera.

Foi uma noite de amores ardentes. Ao despertar, na manhã seguinte, Anchin, caiu em si. Como bonzo, estava proibido de se casar. Mas não teve coragem de contar a verdade para Kiyohime. Prometeu a ela que iria até o templo em Kumano e na volta passaria lá para assumir compromisso matrimonial com ela.

Na tarde deste dia, Anchin chegou ao templo. Como estava com a cabeça nas nuvens, Osho-san, o monge superior, logo percebeu que ele estava pensando em alguma mulher. Por isso, aconselhou-o que meditasse bastante antes de fazer alguma bobagem.

Anchin meditou muito e finalmente disse para si mesmo:
– Eu sou um bonzo. Não posso querer Kiyohime. Regressarei por outro caminho para não me encontrar com ela. E assim fez.

Enquanto isso, Kiyohime, preocupada, se perguntava:
– Por que Anchin não volta do templo?
Ela decidiu ir ao seu encontro. Perguntou para um peregrino que passava por ali se ele não havia visto um monge e fez a descrição de seu tipo físico.

– Sim, eu o vi no templo, ele tomou outro caminho para retornar a sua cidade.
– Não posso crer. Ele havia prometido que viria ao meu encontro – disse Kiyohime surpresa e quase chorando.

Ela correu muito para alcançar Anchin e chegou a vê-lo na travessia do Rio Hidaka.
– Anchin, me espere! Anchin, me espere! – ela gritou com toda a força de seus pulmões.

Ao vê-la, Anchin disse:
– Remador, rápido, zarpe o bote.
Kiyohime surpreendeu-se e ficou sem entender porque ele estava fugindo.

Ela ficou muito triste, e seu amor transformou-se em ódio.
– O rato entrou no rio e desapareceu. Somente uma serpente aquática pode acabar com um rato da água.

Kiyohime estava com tanto ódio, que mergulhou no rio para tentar atravessá-lo a nado. Pessoas que estavam na beira do rio ficaram pasmas com o gesto impensado de Kiyohime. Naquele rio, a correnteza era tanta que era impossível atravessá-lo nadando. Testemunhas contaram mais tarde que a moça atravessou o rio nadando e, quando surgiu na outra margem, havia se transformado em uma enorme serpente. Dizem que o desejo de sua mente moldou seu corpo, transformando-o numa serpente aquática. Assim que a transformação se completou, mergulhou no rio e foi nadando atrás do bote onde estava o monge fujão.

Anchin desembarcou do bote e refugiou-se no Templo Dodoji (atualmente na província de Wakayama).
– Socorro, socorro, escondam-me por favor!

Os monges do templo, mesmo sem saber de que se tratava, abaixaram um enorme e pesado sino, ocultando Anchin em seu interior.
A serpente subiu a escadaria e encontrou o sino.

Anchin rezava desesperadamente.
A serpente se enrolou no grande sino, jorrando chamas de sua enorme boca.

O sino começou a esquentar, esquentar, até que o metal avermelhou completamente e deformou-se, derretendo um dos lados. Em seu interior, com o calor, Anchin morreu assado.

Os monges de Dodoji fizeram o enterro de Anchin. Após a tragédia, encomendaram a fundição de um novo sino e determinaram que nenhuma mulher poderia se aproximar de sua plataforma.

O tempo passou, e o novo sino chegou ao Templo Dodoji. Foi preparada uma grande festa para instalação do sino com a participação da comunidade local, porém a cerimônia de intronização estava proibida para mulheres. Entretanto, durante a cerimônia, uma bela jovem veio pedir que a deixassem fazer um número de dança clássica para dar mais brilho ao grande evento. Dada a permissão, ela foi dançando em direção ao sino e, embora tivesse sido proibido, tocou nele. Empurrando-o com uma força sobrenatural e levantando um de seus lados, a jovem entrou dentro do sino.

Em seu interior, ela se transformou numa serpente gigante e, soltando fogo pela boca, fez o sino avermelhar em brasa. Assim, Kiyohime morreu como seu amado Anchin.

Dizem que, tempos depois, Anchin e Kiyohime apareceram abraçados e felizes em sonhos dos monges do Templo Dodoji. Eles teriam aparecido para desculpar-se pelos transtornos que haviam causado. Contaram que estavam felizes, pois haviam encontrado caminhos a seguir na Sutra de Lótus.

 
Adaptação livre de Claudio Seto

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