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A tennin e o pescador

Adaptação livre de Claudio Seto
(Texto e desenhos: Claudio Seto)

 

Era primavera na bela praia de Miho no Matsubara, na região costeira de Suruga (hoje Shizuoka). E, por ser primavera, os pássaros cantavam alegremente nas formosas árvore de matsu (pinheiro) e davam um encanto todo especial àquela praia. O mar azul dançava ao sabor das ondas, iluminado pela luz do sol, fazendo brilhar pontos luminosos, como vaga-lumes cintilantes em pleno dia. Ao fundo, o imponente Monte Fuji, com seu topo nevado.

Hakuryo, um pescador que morava nas proximidades, vinha andando pelas brancas areias da praia e, de repente, sentiu um agradável perfume.

– Ah! Que perfume maravilhoso! – tentando localizar de onde vinha, viu algo cintilante movendo-se no galho de um pinheiro. Apurou bem os olhos e viu que se tratava de um tecido leve flutuando com o sopro da brisa. O pescador apanhou o tecido e percebeu que era um manto branco tecido com fios de penas. O perfume agradável vinha daquele delicado pedaço de tecido.

A peça era realmente deslumbrante e, a cada movimento, mudava de tonalidade, revelando-se algo de grande valor.

– Este manto deve ter caído do céu. É bonito demais para ser algo terrestre. Acho que encontrei algo muito precioso, digno de ser guardado como um tesouro do Japão – pensou o pescador.

Ato seguinte, Hakuryo foi para casa exalando o gostoso perfume que o véu desprendia. Resolveu que, naquele dia, não iria mais pescar. O achado era mais valioso que qualquer quantidade de peixe que conseguisse pescar. De repente, ouviu uma voz feminina, que pedia:

– Por favor, devolva-me esse véu, que é meu.

O pescador olhou para trás e viu uma jovem de admirável beleza.

– Eu encontrei esse manto, por isso ele vai ficar comigo. Pretendo levá-lo ao palácio imperial, para ser colocado junto aos tesouros sagrados do Japão. Portanto, é impossível dar a você esse véu de rara beleza.

– Sem o véu tecido com fios de pena, eu não posso voltar à Alta Planície Celeste. Ficarei presa na terra para sempre. Por favor, devolva meu véu.

Foi então que o pescador notou que a bela garota era uma tennin (habitante do céu). Seus cabelos negros e longos desciam pelo ombro dançando sobre sua veste prateada. Nunca, em toda sua vida, Hakuryo havia imaginado que pudesse existir uma criatura tão bela.

– Por favor, devolva meu hagoromo (véu de fios de penas) – disse, chorando, a ninfa celeste.

O pescador sentiu grande emoção ao ver as lágrimas rolarem pela alva e macia face da ninfa. Ela parecia ainda mais bonita derramando lágrimas.

– Está bem, vou devolver o véu, mas, antes, quero que dance para mim. Ouvi dizer que as ninfas celestes dançam maravilhosamente bem.

– Sim, eu dançarei para você, mas, por favor, devolva-me o véu, pois sem ele não poderei dançar.

– Oh, não! Se eu devolver o véu, você vai embora voando para o céu sem dançar para mim. Não sou idiota como você imagina – protestou o pescador.

– Nós, habitantes do céu, não mentimos jamais. Se eu disse que vou dançar para você, com certeza assim vou fazer. Esse tipo de desconfiança só existe aqui na terra. E, sem o véu, como posso dançar?

Hakuryo ficou envergonhado de ter desconfiado da bela tennin e devolveu, então, o véu, com pedidos de desculpas.

Assim que recebeu o véu, a bela ninfa celeste colocou-o sobre seus ombros e começou a dançar. Aos poucos, ela começou a flutuar, encantando o pescador com o ritmo harmonioso de seus gestos. Um indescritível perfume envolveu Hakuryo, que, hipnotizado pelo encanto da tennin, apreciava admirado aquele belo espetáculo. Dançando e dançando, a garota foi subindo em direção ao céu. Subiu mais alto que os pinheiros da praia de Miho, continuando sempre a dançar, e atingiu o sagrado Monte Fuji, desaparecendo nas nuvens que envolvem seu topo.

 
Adaptação livre de Claudio Seto

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