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Terça-feira, 19 de março de 2024 - 5h51
 

Watsu uma terapia de lavar a alma


Sensações de aconchego, bem-estar e relaxamento são proporcionadas pela técnica criada pelo americano Harold Dull, baseada no zen-shiatsu e aplicada numa piscina de água quente
 

(Arquivo Jornal NippoBrasil)

A temperatura da água é agradável e chega aos 35ºC. O profundo relaxamento, aconchego e paz proporcionados pelo watsu – terapia inspirada no zen-shiatsu que associa massagens e alongamentos do shiatsu aplicados na água – faz com que a pessoa que tem o privilégio de recebê-lo queira viver eternamente embalado por essas sensações.

Após uma breve conversa com a terapeuta, no qual se responde perguntas referentes ao estado emocional (se está triste o toque será mais leve e de aconchego; se está agitado, o watsu será mais rápido para extravasar) e problemas de saúde (se tem desvio de coluna, pressão alta, baixa, doença cardíaca), você é conduzido a uma das paredes da piscina onde, com os joelhos flexionados para que a água morna recubra os ombros e com os olhos fechados, dá-se início ao relaxamento.

Uma música suave se ouve ao fundo. Após a colocação de flutuadores nos tornozelos, que facilitarão o manejo dos mais “cheinhos” e de massa muscular sobressaliente, lentamente seu corpo é levado à posição horizontal. A água recobre os ouvidos e parece que o mundo à sua volta já não existe mais. É só você, seus pensamentos e o som do inspirar e expirar da respiração.

Iniciados os movimentos de alongamento na água, outra sensação que se tem é de segurança. “No zen-shiatsu existe uma mão que acalma e dá segurança, enquanto a outra trabalha. No watsu também sempre tem um contato, se minha mão não está trabalhando, existe um braço inteiro ou meu tronco inteiro encostado, para a pessoa nunca se sentir sozinha”, explica a terapeuta e educadora física Priscila Takara.

Há ainda quem atribua ao watsu o mesmo efeito de estar no ventre materno. Não é para menos. Além da temperatura da água ser equivalente à corpórea, certos movimentos em que a terapeuta nos embala como se fôssemos um bebê de colo lembram muito o aconchego de uma mãe.


“Estava ansiosa porque nunca tinha feito. Cheguei com dor cervical e no braço. Agora estou bem. Você relaxa profundamente, dá para chegar num outro espaço. Eu me desliguei, deu uma impressão de estar voando, voando...” Yatiyo Osugui

Durante a sessão, nada é dito. O fato de ser um momento particular, de contato com o próprio interior, pode trazer à tona lembranças reprimidas e muitas vezes choros involuntários. Nesses casos, a terapeuta sempre mantém-se atenta e conduz a sessão conforme a necessidade emocional do paciente, que pode pender para o colo ou um carinho mais intenso.

“Existe um alongamento passivo, provocado pela viscosidade da água que vai fazendo movimentos no corpo. Mas o watsu é mais que um exercício, o grande chavão é a possibilidade de ter uma intervenção psicológica sem verbalizar. Quem faz não sai do mesmo jeito que entrou. Se puder participar desse processo de mudança, para mim já é uma grande satisfação”, diz Takara.

A sessão é finalizada quando a terapeuta retorna o paciente novamente à posição vertical e o encosta na parede. As mãos estendidas do paciente se despedem e se separam das do profissional. A alma sai lavada.


“Parece que você está no fundo do mar - você escuta bastante o barulho da água. A primeira vez que fiz senti uma grande leveza e paz. Tenho um pouco de medo da água, mas a terapeuta passa confiança. Desta vez senti mais sono, acho que por causa da gravidez. A gente escuta a respiração mais forte e o gostoso é o alongamento, a gente relaxa e fica toda mole”
Gabriela Yoshizato Ultramari,

 

Histórico

A palavra watsu resulta da combinação das palavras water (do inglês, água) e shiatsu. O processo terapêutico foi criado pelo terapeuta americano e mestre de zen-shiatsu Harold Dull, que a partir da década de 80 procurou transportar os alongamentos e massagens desta técnica oriental para as piscinas aquecidas de Harbin Hot Springs – um importante centro de terapias corporais da Califórnia, nos Estados Unidos.

Inspirado no zen-shiatsu, terapia que se baseia no toque em certos pontos do corpo com o intuito de equilibrar a energia ao longo dos meridianos (canais de energia), o watsu tem como filosofia reduzir o sofrimento através do aumento do bem-estar de quem recebe.

No Brasil, a responsável pela introdução do watsu foi a terapeuta alemã Ursula Garthoff, que se apaixonou pela técnica após receber uma sessão. Fez o curso de watsu no Waba (World Aquatic Bodywork Association), com o próprio criador da técnica. Hoje ela dirige o Watsu Center Brasil (veja na página ao lado Onde Aprender), sendo responsável pela formação de profissionais capacitados a aplicar a terapia.

 

Indicações e contra-indicações

A água quente e a pressão que ela exerce sobre o corpo ajudam a circulação sangüínea e produz efeito analgésico. O watsu é indicado para pessoas com problemas respiratórios já que fortalece a musculatura pulmonar e expande a capacidade de respiração devido à pressão exercida na água. “Casos de estresse, dores, quem é ansioso, tem depressão, algum vício, pessoas na terceira idade que geralmente são mais carentes e rígidas, gestantes... Todo mundo merece receber a terapia, não tem limite de idade”, diz Takara.

Muito procurado por mulheres grávidas, o watsu proporciona uma descompensação postural, ou seja, o relaxamento da musculatura da região das costas e dos quadris que recebem uma sobrecarga em função do aumento do abdome. Além da compensação física a terapia permite trabalhar o emocional da gestante, minimizando a insegurança, o medo, a ansiedade e as preocupações típicas do período. O único cuidado é evitar fazer antes do terceiro mês, que corresponde aos primeiros meses de formação do bebê; e a partir do oitavo, em função da proximidade do nascimento.

Crianças hiperativas e pacientes com fibromialgia – doença sem cura que provoca dor generalizada – também podem recorrer ao watsu para extravasar e relaxar. As contra-indicações são praticamente as mesmas de quem vai entrar na piscina ou fazer natação: ferida aberta, tímpano perfurado, febre alta, alergia a cloro, etc.

E é também de acordo com cada organismo a reação pós-sessão. Há aqueles que ficam em “marcha lenta” o resto do dia e nem conseguem mais trabalhar. Já outros saem num pique total e se fizerem a terapia à noite, poderão ter dificuldades para dormir e se desligar. Prestar atenção nessas reações o ajudarão a escolher o horário mais adequado para a sessão.

 
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