(*Respondidas
pelo Consultor Katsuo Higuchi)
1)
O que devo saber sobre o mercado detrabalho
atual do Brasil antes de retornar?
R=
Se o retorno é inevitável e necessário, o
retornado precisa saber que não encontrará um mercado
mar de rosas no Brasil. Apesar do potencial, a economia
brasileira está claudicante, a previsão é
de crescimento muito pequeno para este ano de 2014 e a oferta
de empregos está bem abaixo do que se poderia esperar.
Porém, oportunidades sempre existem, principalmente para
os profissionais qualificados, entre 21 a 35 anos, que possuem
não apenas formação superior, mas pós-graduação
ou curso de especialização e tenham domínio
de algum idioma, inglês de preferência, ou até
o japonês. O atual cenário brasileiro prevê
muitas dificuldades para quem está retornando ao país
e não dispuser do perfil mencionado, pois deverá
estar preparado para ofertas que não superarão a
dois a três salários mínimos, infelizmente.
2)
Para onde devo enviar o meu Currículo (CV) quando chegar
ao Brasil?
R=
Uma das ações mais eficazes ainda continua sendo
divulgar seu currículo através das agências
de empregos, consultoria de RH e pelo próprio setor de
seleção das empresas. Através da internet,
você conseguirá levantar o endereço dessas
empresas. E, existem ainda empresas de serviços especializados
na divulgação de currículos, os chamados
Bancos de Currículos , dos quais podemos citar a Catho,
Manager, Curriculum.com, Vagas.com e etc. Com forte penetração
no mercado principalmente no meio das empresas japonesas, destacam-se
as Consultorias Avance RH, a Fujiarte, o banco de currículos
da Catho e a Niatre, órgão sem fins lucrativos ligado
ao Ministério do Trabalho, que cadastra vagas de empregos
e CV de retornados.
3)
Como devo montar meu Currículo (CV)
depois de tanto tempo residindo no Japão?
R=
É importante lembrar que, uma vez no Brasil, o retornado
deve buscar informações sobre o mercado de trabalho
brasileiro, particularmente do setor desejado, com as exigências
da área e remuneração oferecida. Não
comparar com o Japão. Pesquisar o mercado antes, caso seja
necessário mencionar a pretensão salarial. O currículo
deverá ser apresentado de forma objetiva, sintética,
ressaltando as qualificações do profissional e dentro
de um padrão exigido pelo mercado. Para elaborar, acessar
sites especializados. Um detalhe importantíssimo: o currículo
deve espelhar realmente a verdade, ou seja, deve ser um retrato
fiel do candidato. Qualquer inverdade será fatal. É
comum o retornado ter de recomeçar do zero e consciente
de que as promoções serão em função
do tempo e de muito, muito trabalho.
4)
Como me comportar nas entrevistas no Brasil?
R=
Uma entrevista de emprego não se resume a responder uma
dúzia de perguntas ou rezar para que o seu currículo
seja aprovado. O Entrevistador(a) é um profissional especializado,
geralmente um psicólogo. Os retornados tem uma característica
de ficarem passivos, calados, obedientes demais, que pode soar
como ponto negativo numa entrevista de emprego. Procure saber
de tudo sobre a empresa que possivelmente esteja interessado em
você, como o segmento de atuação, porte, localização
e os produtos principais que ela fabrica ou comercializa. Seguem
abaixo algumas dicas de como se comportar nessa ocasião,
destacando que a avaliação estará concentrada
em dois aspectos importantes: a competência pessoal e a
competência profissional.
Competência
Pessoal:
-
Apresentação pessoal (vestido adequadamente e
de forma discreta);
-
Pontualidade (jamais se atrase, chegue com 15 minutos de antecedência);
-
Entusiasmo e simpatia (mostre-se feliz e satisfeito consigo
mesmo);
-
Amar o que faz (demonstre motivado naquilo que faz). Brilho
nos olhos;
-
Comunicar-se de forma correta (sem gíria, sem afetação,
mas mantendo a autenticidade).
Competência
Profissional:
-
Escolher a profissão certa. Definir claramente os objetivos
profissionais;
-
Demonstrar suas experiências e qualificações,
mesmo as vivenciadas em outro ambiente de trabalho, como no
Japão;
-
Ter humildade e flexibilidade nas pretensões profissionais
e salariais diante da realidade do mercado de trabalho;
-
Saber aceitar desafios;
-
Transmitir, sempre, vontade, garra e efetivo interesse em participar
do processo seletivo.
5)
Quais pontos devem ser destacados em um CV após trabalhar
mais de dez anos em linha de produção?
R =
Mencionar todas as empresas onde trabalhou e o segmento (autopeças,
eletrônica, plástico, químico, etc), especificando
as atividades desenvolvidas e destacando as competências
e responsabilidades principais assumidas, como supervisão,
líder de linha, líder de equipe, intérprete
e outros.
6)
Quais pontos devem ser destacados após trabalhar mais de
dez anos como responsável de setor/grupo?
R=
Ressaltar, principalmente, o nível de responsabilidade
que tinha como supervisor ou líder de Setor. Mencionar
o número de subordinados que coordenava, bem como o nível
de relacionamento junto à hierarquia superior da empresa
(se tinha contato com o presidente/proprietário, diretoria
ou gerência). Caso tenha pleno domínio do idioma
japonês e, naturalmente, servindo de intérprete junto
aos subordinados brasileiros, destacar esse aspecto, que é
de muito valor em qualquer currículo. Não deixar
de citar os cursos eventualmente realizados, assim como qualquer
outro aspecto profissional relevante ocorrido no período.
7)
Procuro uma vaga no setor administrativo no Brasil, mas não
tenho experiência. Quais cursos complementares eu devo procurar
de imediato?
R=
Dispor de, no mínimo, o ensino médio e ter conhecimentos
básicos de informática, principalmente o pacote
Microsoft Office (Word e Excel). Deve ter muita vontade e dedicação,
mesmo que tenha que iniciar como auxiliar ou aprendiz.
8)
Não tenho o ensino médio no Brasil, será
que consigo trabalho? É melhor concluir o ensino médio
antes de montar CV?
R=
Sem o ensino médio, as oportunidades se restringem muito.
É possível encontrar alguma vaga operacional, que
não deixa de ser um início, mas os salários
são baixos. Indispensável, sem dúvida, buscar
completar o curso médio com um curso supletivo ou EJA (Educação
de Jovens e Adultos), que são rápidos e que dispõe
até de cursos à distância.
9)
Quais vagas são mais fáceis para um retornado procurar?
R=
Esta resposta depende muito da idade, da qualificação
acadêmica e profissional do retornado. Podemos afirmar que,
não querendo jogar uma ducha de água fria, em qualquer
situação, o retorno ao mercado de trabalho brasileiro
será desafiador. Até para os mais qualificados,
exige-se humildade para recomeçar tudo de novo.
10)
Estou voltando para o interior e não para uma capital.
Será que conseguirei achar um emprego? A capital é
mais fácil?
R=
Um fato muito interessante e importante que está ocorrendo
atualmente em São Paulo, é um acelerado desenvolvimento
econômico das cidades próximas à capital.
Muitos em função da transferência e instalação
de grandes empresas e fábricas, inclusive multinacionais
japonesas, em cidades como Jundiaí, Itu, Sorocaba, Indaiatuba,
Piracicaba, Campinas e vizinhança. A Capital ainda é
o grande celeiro de oportunidades, principalmente para vagas administrativas.
Porém, cada vez mais, o interior vem oferecendo excelentes
alternativas para engenheiros, técnicos e vagas operacionais.
A fluência no idioma japonês (nível I ou II
do Exame de Proficiência em Língua Japonesa) é
um grande facilitador para ingressar nas empresas japonesas do
Brasil.
11)
Fábricas japonesas instaladas no Brasil contratam ex- dekasseguis?
R=
Para os retornados que voltam com um bom domínio do idioma
japonês e uma sólida experiência industrial,
além de ter um curso superior, são muito boas as
oportunidades de emprego nas indústrias japonesas.
12)
Falar japonês é favorável no Currículo
(CV)?
R=
Sem dúvida é um ponto muito favorável e deve
ser destacado no currículo. Porém, não basta
apenas falar bem. É necessário ter o certificado
de proficiência no idioma, ou seja, domínio do idioma
equivalente ao nível I ou II do Exame de Proficiência
em Língua Japonesa, que comprove a fluência na conversação,
leitura e escrita. As oportunidades variam de acordo com o nível
de qualificação do profissional. O mercado é
muito exigente.
13)
Tenho mais de 40 anos, será que encontro trabalho no Brasil?
R=
Como em qualquer país, e o Brasil não é exceção,
o mercado de trabalho, na prática, infelizmente, impõe
restrições aos trabalhadores com 40 ou mais anos.
Não é fácil competir com jovens de 25 ou
30 anos, que possuem grande domínio de informática
ou conhecimento de mais idiomas, além de sua formação
acadêmica. Entretanto, algumas empresas ainda valorizam
a experiência e a maturidade de seus funcionários.
Convém não desanimar.
14)
Tenho mais de 50 anos, será que encontro trabalho no Brasil?
R=
As portas ao mercado de trabalho se restringem muito nessa faixa
etária. A não ser que o retornado tenha aquelas
qualidades que diferenciam dos demais, como formação
superior, fluência no idioma japonês ou inglês
e uma experiência profissional que já era boa antes
e foi enriquecida no período que esteve no Japão.
15)
Passei em uma entrevista, mas a empresa disse que iria registrar
minha Carteira de Trabalho só após três meses
de experiência. Está correto?
R=
Na prática, ainda existem os trabalhos informais, que pagam
por fora ou por dia ou empresas que só registram
a Carteira de Trabalho após um prazo de experiência,
mas não está correto. A Carteira de Trabalho deve
ser registrada antes de começar qualquer trabalho, mesmo
no período de experiência. O trabalho com registro
em carteira traz benefícios e segurança ao trabalhador,
como aposentadoria, auxílio-doença, seguro de vida,
assistência médica, vale-transporte, vale-refeição,
e etc. Sem o registro, muitos desses benefícios não
existirão.
16)
Concurso público é um bom caminho?
Quais são as vantagens e desvantagens?
R=
Atualmente, prestar concurso público é uma excelente
opção como carreira profissional. O problema é
a grande concorrência e, por consequência, a dificuldade
em passar. É preciso estudar muito, e muitas vezes precisa
recorrer a um cursinho especializado. Sem contar que, ao ser aprovado,
a convocação poderá durar meses e até
anos. A grande vantagem do cargo público, ingressado através
de concurso, é de ser um emprego praticamente vitalício.
É a segurança de não ser demitido e de ter
uma aposentadoria tranquila, sem perda do ganho salarial, preservando
o padrão financeiro.
17)
Ao passar em concurso público, nunca serei demitido?
O concursado
público, desde que efetivado, tem o seu cargo garantido,
irredutível, até a aposentadoria, se assim quiser.
Só poderá ser demitido por motivo de justa causa,
através de processo administrativo.
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