Colheita
de cana-de-açúcar: pordes na história
|
(Foto: Divulgação)
O
que antes era um fruto barato e bastante acessível à população
das regiões em que era produzido tem se tornado algo cada vez mais
elitizado. O açaí, produto fundamental para as economias
dos Estados do Pará, Maranhão, Amapá, Acre e Rondônia,
chega a custar hoje, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística
e Estudos Socioeconômicos), R$ 11 o litro, uma alta de 650% em relação
ao preço praticado em 1994: R$ 1,50.
Se por um
lado o consumo regional está em queda, por outro, a demanda nos
grandes centros urbanos do País nunca esteve tão alta, principalmente
no Rio de Janeiro, em São Paulo, Brasília, Goiás
e na região Nordeste. No Rio de Janeiro, o açaí é
muito consumido nas praias, onde é bastante popular entre os adeptos
da cultura da saúde e entre os frequentadores de academias.
Estima-se que no estado fluminense sejam consumidas 500 toneladas/mês,
enquanto em São Paulo a média é de 150 toneladas/mês.
Assim, a cultura
continua de grande importância socioeconômica para a região
Norte. O principal aproveitamento é a extração do
açaí, mas as sementes do açaizeiro são aproveitadas
no artesanato e como adubo orgânico. A planta fornece ainda palmito
e as suas folhas são utilizadas para cobertura de casas dos habitantes
do interior da região. Dos estipes adultos, 30% podem ser cortados
de cinco em cinco anos e destinados à fabricação
de pastas e polpa de celulose para papel.
Para a população
ribeirinha, uma das mais rentáveis possibilidades comerciais é
a produção e comercialização de seu fruto
in natura. Além disso, o cultivo para o mercado local é
uma atividade de baixo custo e de excelente rentabilidade econômica.
Além
disso, a valorização contribuiu, nos últimos anos,
para um aumento da área manejada de 9.223 hectares, em 1996, para
18.816 hectares, em 2002, tanto para produção de frutos
como para extração de palmito, atendendo mais de 5 mil produtores,
dos quais 92,1% são do Estado do Pará.
O lado negativo
é que a alta nos preços tem feito com que o açaí
venha lentamente desaparecendo do cardápio das comunidades locais.
Na década de 1990, o fruto e seus derivados faziam parte de quase
todas as refeições das populações vizinhas
às áreas de plantio. Mas, como no Pará, cerca de
1,2 milhão de pessoas ganham menos do que um salário mínimo
(R$ 510), o consumo regional tem caído muito nos últimos
anos.
Acredito
que a falta de uma política mais ampla, que abranja a produção
e a comercialização deste produto no Estado, tem feito com
que o paraense tenha dificuldade de adquiri-lo, avalia Roberto Sena,
supervisor técnico do Dieese. Podemos dizer com tranquilidade:
o açaí não é mais o arroz com feijão
do paraense, completa o economista.
Na trajetória
fora da Amazônia seu uso foi multiplicado. Se antes era consumido
com farinha de mandioca ou tapioca, hoje ele virou suco industrializado,
passou a ser embalado em pílulas e servido doce em tigelas com
frutas e granola. Nesses locais, o que se consome geralmente é
o açaí fino que, misturado com outros produtos, costuma
perder o sabor, o odor e até o valor calórico da fruta.
Também é frequente o aumento da dosagem de água.
Em 2000, foi iniciada a exportação de polpa congelada para
os Estados Unidos e para a Itália, em um mercado externo que vem
crescendo cerca de 20% ao ano.
|