Tecnologia
foi copiada dos japoneses, mas as formas onde as melancias crescem
vêm da Coreia |
(Reportagem:
Susy Murakami / Foto: Divulgação)
Agrícola
Famosa embarca todo ano para a Inglaterra 5 mil unidades de melancia quadrada
produzida com técnica japonesa. Cada caixa com 18 kg custa US$
45 (R$ 80). A mesma quantidade da melancia comum é vendida por
US$ 10 (R$ 18).
O início
do cultivo foi em 2007. A ideia surgiu da necessidade de o comprador de
adquirir o produto por um preço mais acessível. Cliente
da empresa cearense desde 2000, a rede de supermercados Tesco já
importava melancia quadrada do Japão com alto custo devido a distância
e ao transporte via aérea. Eles nos pediram para produzir
a fruta e tentar o envio por via marítima, conta Luiz Roberto
Barcelos, diretor da Agrícola Famosa. Para começar a produção,
a empresa importou 1,2 mil moldes da Coreia do Sul.
A melancia
do Ceará também leva vantagem sobre a japonesa em relação
ao custo de produção. É muito mais barato produzir
no Ceará, por causa da mão de obra e dos insumos,
afirma Barcelos.
A fruta de
formato inusitado representa apenas 1% do total produzido pela Agrícola
Famosa, que também exporta vários tipos de melão.
Por isso, por enquanto, apenas os ingleses podem saboreá-la. Mas
a venda para os brasileiros não está totalmente descartada.
Como ainda não dominamos o manejo da produção,
nossa produtividade ainda é muito baixa e mal dá para atender
à demanda europeia. Mas, no futuro, esperamos comercializar a melancia
quadrada no mercado interno, declara Barcelos.
Com
certificados, exportações cresceram próximo de 2.000%
Para vender
para o Tesco, a Agrícola Famosa teve de ser certificada com o Tesco
Natures Choice, exigido pela rede de supermercados inglesa. Esse
é apenas um dos cinco certificados internacionais, além
de um nacional, obtidos pela empresa desde 2000. Com os registros em mãos,
a marca cearense exporta em grande escala para Holanda, Itália,
Portugal e Espanha. Em quantidade menor, também tem abastecido
Emirados Árabes Unidos, Cingapura, Turquia, Rússia, Lituânia,
Estados Unidos, Canadá e outros. Na safra de 2008/09, foram exportadas
mais de 73 mil toneladas de frutas. Em 2000, quando as vendas externas
tiveram início, eram apenas 4 mil toneladas. Para o mercado interno,
foram comercializadas 18 mil toneladas.
As certificações
garantiram também aumento na produção de 3 hectares
semanais para 130. Mas, para obtê-las, segundo Barcelos, houve uma
mudança de cultura dos próprios donos da empresa. Conseguir
os registros é caro e burocrático. Dependendo do destino
do produto, é exigido um protocolo diferente. Por isso, muitas
empresas acabam desistindo. A partir do momento em que as pessoas
entendem a necessidade dessa padronização e desses registros,
todos começam a enxergar a certificação como uma
ferramenta aliada à melhoria da produção, diz.
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