Tsukada:
muita dedicação e opção pelo profissionalismo
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(Reportagem:
Susy Murakami / Foto: Arquivo Pessoal)
Há cerca
de 20 anos, quando começou a vender queijo minas de porta em porta
em Maringá, no Paraná, o imigrante japonês Tsuyoshi
Tsukada teve que provar que seu produto não era feito de soja.
Por ser mais suave do que os queijos caseiros e ainda produzido por um
japonês de sotaque carregado, as pessoas chegaram a achar que se
tratava de tofu (produto japonês feito de soja). Mas, aos poucos,
a desconfiança deu lugar à fidelidade e Tsukada conseguiu
conquistar clientes. Começava assim a história da Queijos
Monte Fuji, uma empresa familiar que cresce a cada ano.
Hoje, a pequena
agroindústria fabrica 16 produtos entre vários tipos de
queijo e iogurtes e emprega 15 funcionários e quatro pessoas da
família. A matéria-prima vem das oito vacas da propriedade
e de fornecedores. A quantidade de leite processado diariamente é
de 1,8 mil litros. Nos últimos três anos e meio, o faturamento
da empresa cresceu 300%; e a estrutura física, 35%.
O êxito
do negócio envolve muito trabalho e dedicação e a
decisão de tomar o rumo do profissionalismo e de aproveitar as
oportunidades de expansão oferecidas pelos programas oficiais voltados
ao pequeno produtor. O momento crucial para a sobrevivência do empreendimento
ocorreu há 13 anos, quando todo o queijo entregue para um distribuidor
foi recolhido pela Vigilância Sanitária do município
por falta de registro junto ao órgão. O vizinho que
fazia a entrega do queijo comigo desistiu. Eu fui atrás da papelada,
conta Tsukada, que também se preocupou em formalizar a empresa.
Com isso, há
pouco mais de quatro anos, ela entrou para o programa Fábrica do
Agricultor do governo paranaense, que dá a possibilidade a pequenos
empreendimentos colocarem seus produtos nas gôndolas dos grandes
supermercados do Estado. Um tempo depois, o Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Paraná (Sebrae/PR)
criou o Programa da Agroindústria Familiar e buscou grupos que
estivessem envolvidos no programa do governo estadual, com o objetivo
de melhorar sua qualidade e sua produtividade.
Tsukada aceitou
fazer parte dos projetos com a condição de o genro, Jefferson
Miake, assumir a administração dos negócios. Foi
o que aconteceu há três anos e meio. Miake participou de
diversos cursos de consultoria e treinamento do Sebrae e aprendeu conceitos
valiosos sobre custos e controle de produção. Com isso,
conseguiu reorganizar o orçamento da empresa, obter boa margem
nas vendas e adquirir novos equipamentos. Nosso carro-chefe, o queijo
minas frescal, era vendido por R$ 7 há dois anos. Tivemos que reajustar
o preço e, hoje, ele é vendido a R$ 12, diz Miake,
que admite que, no início aumento nos preços assustou um
pouco os compradores. Mas eles não deixaram de comprar o produto,
pois ele tinha qualidade garantida. Meu sogro sempre dizia: pode
ampliar o negócio, desde que mantenha a qualidade.
O plano de Miake, agora, é dobrar a produção para
atender o mercado da cidade de Londrina. A Queijo Monte Fuji étida
como exemplo de sucesso pelo Sebrae/PR.
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Para ter um produto competitivo, o pequeno produtor precisa se adaptar
aos padrões de qualidade exigidos pelo mercado. E, para se fortalecer
financeiramente, é necessário profissionalizar a gestão
do negócio. Essa é a opinião da coordenadora do setor
de Agronegócios do Sebrae/PR, Andreia Claudino. A entidade, por
meio do Programa Agronegócio, tem ajudado pequenos empreendimentos
a adotar boas práticas de fabricação. Isso
inclui desde a obtenção de certificações exigidas
até a melhoria na apresentação da mercadoria,
afirma André.
O programa
do Sebrae/PR foi criado há cinco anos. Além da agroindústria,
também é feito um trabalho com pequenos agricultores por
meio do qual incentiva-se o cultivo de um produto referência de
determinada região. Neste ano, estão sendo atendidos 998
empreendimentos agroindustriais e 416 voltados para o cultivo primário.
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