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Especial - Nippo no Campo
 
Hortênsias mais bonitas
APTA e Aflord fizeram trabalho conjunto para
eliminar vírus que atacava hortênsias azuis
 

Produtores receberam certificado de atestado de isenção do vírus

(Reportagem: Helder Horikawa)

Dentro de dois anos, floricultores da Associação dos Produtores de Flores da Região Dutra (Aflord) deverão comercializar hortênsias azuis muito mais bonitas. Essa é a expectativa, depois que uma pesquisa do Instituto Agronômico, ligado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, identificou um vírus, até então nunca encontrado no Brasil, que reduz o tamanho das flores e mancha as folhas das hortênsias azuis.

As primeiras mudas sem o vírus na variedade Renat Blue passarão pelo processo de multiplicação em laboratórios. É, segundo o produtor Sérgio Tanaka, de Arujá, um processo lento e recheado de cautela. “A planta tem que estar perfeita”, diz. A Aflord foi parceira da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, IAC e APTA na pesquisa. O resultado foi comemorado com uma cerimônia de entrega de certificação aos floricultores do atestado de isenção do Hydrangea ringspot, vírus que provoca a mancha anelar.

Os primeiros problemas com o vírus surgiram em 2004. Naquele mesmo ano, produtores da Aflord encaminharam amostras para o início dos estudos. “Ou eliminávamos o vírus ou teríamos que partir para o cultivo de outras variedades”, argumenta Tanaka.

Nos últimos quatro anos foram várias pesquisas com a variedade Renat Blue. Por meio da técnica de termoterapia feita no IAC e de cultura de tecidos realizada na Aflord os resultados chegaram em dois anos. De lá para cá, testes confirmaram a sanidade do material. Dez plantas isentas de vírus foram confirmadas.

O pesquisador do IAC, Valdir Atsushi Yuki, orienta os produtores, porque as plantas podem se contaminar novamente, caso não sejam adotadas as medidas corretas de manejo. Por exemplo, o cuidado no corte de mudas, já que a tesoura pode transmitir o vírus. A atenção às estufas também é essencial.

O vírus identificado está disseminado em todas as regiões produtoras de hortênsias, inclusive no Japão e na Alemanha. Yuki explica que vírus não tem cura, não há controle químico a ser feito, mas que a planta convive com o problema, apesar das perdas de desempenho.

Com o problema do vírus resolvido, o objetivo dos produtores é conquistar os consumidores. No Brasil, o consumo por pessoa gira em torno de US$ 9 por ano; nos Estados Unidos, US$ 40; e, na Europa, US$ 60. 

 
Expansão do negócio a partir do resultado científico

A obtenção de plantas isentas de vírus é uma condição para a expansão do cultivo, segundo o técnico do grupo de hortênsias, Sílvio Gondo. De acordo com ele, os sete produtores de hortênsias da Aflord responsáveis pela produção das mudas que utilizam estão animados com o resultado e já estão construindo uma nova estufa para colocar as mudas isentas de vírus. Segundo Sérgio Tanaka, os produtores devem investir, neste primeiro ano, R$ 100 mil na estufa.

Com esse material sadio, o grupo de produtores pretende ampliar a produção e vender mudas e flores para outros Estados brasileiros. A região de Arujá, Mogi das Cruzes e Guararema — responsável por cerca de 80% das hortênsias em vasos no Estado de São Paulo — ocupa a terceira posição dentre as principais produtoras de flores, movimentando R$ 69 milhões por ano. O Estado todo responde por 70% da floricultura brasileira e movimenta em torno de R$ 460 milhões, segundo a Câmara Setorial de Flores e Plantas Ornamentais.

A floricultura pode ser um segmento pequeno em meio às proporções do agronegócio, mas quem está nessa área destaca: os empregos daqueles que trabalham com flores são permanentes e não sazonais, como ocorrem nas safras de café e cana-de-açúcar, por exemplo. “Se olharmos a participação hortênsia dentro da economia, ela é pequena, mas é muito importante para os produtores. Resolvemos um problema grave para eles”, avalia o pesquisador Yuki.

De acordo com ele, os estudos terão continuidade com o objetivo de identificar novas formas de contágio do vírus. A ciência se movimenta de novos questionamentos. E, nesse caso, o pesquisador quer saber se o manuseio pode contaminar as plantas, por exemplo. “Sempre partimos da experiência de alcançar o resultado e da persistência em conseguir resolver o problema do produtor”, diz.

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