| Junji 
                Abe*  As 
                políticas públicas no Brasil são mal definidas 
                e pululam para as mais diversas direções dependendo 
                de quem ocupa a cadeira do poder. A policultura (cultivo de diversos 
                itens na mesma área) iniciou-se com costumes trazidos pelos 
                imigrantes japoneses, reduzindo as monoculturas da cana, café 
                e algodão. Bastava geada, seca ou invasão de pragas 
                para o monocultor perder toda produção. A tragédia 
                seria minimizada se ele tivesse vários tipos de plantações 
                ou criações. Ocorre 
                que os governantes sepultaram o modelo de policultura na maior 
                parte do País. Deixaram a policultura ir sucumbindo à 
                monocultura, por exemplo, da cana de açúcar, sem 
                conduzir com competência a utilização do etanol. 
                De quebra, retiraram dos pequenos produtores qualquer orientação 
                no campo. Se 
                não tivessem destruído a rede de orientação 
                no campo, cada cidade com vocação agrícola 
                poderia ter lavouras calcadas na policultura, com alta produtividade 
                e rentabilidade. Não haveria milhares de municípios 
                à beira da falência como efeito da derrocada de alguns 
                tipos de cultura de extensão. Poderiam até ter vingado 
                as centrais de abastecimento regionais, reduzindo o gargalo da 
                comercialização e estancando o êxodo rural. Se 
                o PIB do agronegócio representa hoje 30% da economia brasileira, 
                poderia dobrar com a expansão da policultura. E o País 
                não estaria às voltas com o caos da atualidade, 
                marcado por inflação, desemprego e insípidos 
                ajustes fiscais. Alerto 
                para a necessidade de o produtor otimizar sua propriedade. Isto 
                pode ser feito com o Estado assumindo pesquisa, assistência 
                e orientação técnicas. Terrenos pequenos 
                podem virar polos agrícolas altamente produtivos. A renda 
                proveniente de flores cultivadas em dez mil metros quadrados (m²) 
                de estufas é idêntica à de 100 hectares (1 
                milhão de m²) plantados com soja. Escolhendo 
                os itens apropriados em função das características 
                climáticas, de solo, recursos hídricos e outras 
                que interferem com a atividade agrícola, produtores com 
                área ociosa ou subaproveitada poderão ter bons resultados 
                financeiros e gerar retorno social, sob a forma de empregos e 
                arrecadação. |