(Fonte:
Noéli Nobre /Agência Câmara Notícias)
Deputados
brasileiros e representantes do governo japonês expressaram
o desejo de aprofundar cada vez mais a parceria entre Japão
e Brasil. Em audiência pública que comemorou os 109
anos de imigração japonesa para o Brasil (18 de
junho de 1908), eles destacaram a cooperação entre
os dois países que resultaram em projetos nos setores agrícola,
siderúrgico, de construção naval, de alumínio
e de celulose, entre outros.
Exemplos de
parcerias incluem o Programa de Cooperação Nipo-Brasileiro
para o Desenvolvimento Agrícola dos Cerrados (Proceder),
o Projeto para Carajás, a Usiminas e a Alumínio
do Amazonas.
"O nosso
relacionamento de cooperação teve início
há 58 anos, quando foi enviado ao Brasil um perito japonês
na área da agricultura. Tivemos também participação
no projeto de siderurgia da Usiminas, que simboliza as relações
entre Brasil e Japão", informou o representante da
Agência de Cooperação Internacional do Japão
(Jica), Akio Saito.
Foto:
Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados
Deputado
Luiz Nishimori
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Ele participou
da audiência promovida pela Comissão de Relações
Exteriores e de Defesa Nacional, em conjunto com a Comissão
de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio
e Serviços. O debate foi solicitado pelo deputado Luiz
Nishimori (PR-PR), que destacou a colaboração do
governo japonês para o desenvolvimento do Brasil.
Treinamento
e empréstimos
Akio Saito
destacou ainda que, desde 1961, quase onze mil técnicos
brasileiros participaram de treinamento no país asiático.
Também foram feitos empréstimos de 3,4 bilhões
de dólares a diferentes setores no Brasil. "Esses
projetos não só possibilitaram a exportação
de produtos com valor agregado, mas significaram a capacitação
constante de recursos humanos no setor produtivo", disse.
A ministra
Cecília Kiku Ishitani, do Ministério das Relações
Exteriores brasileiro, afirmou que o Japão é o parceiro
mais tradicional do Brasil na Ásia, em uma relação
diplomática que começou há 122 anos, quando
foi assinado o Tratado de Amizade e Relações Diplomáticas
que abriu caminho para a imigração japonesa.
"Atualmente
o Japão possui o sexto maior estoque de investimentos diretos
no Brasil. Aqui se concentram mais de 700 empresas japonesas que
atuam principalmente nos setores de siderurgia, mineração,
automobilístico, de energia e transporte", listou
Ishitani.
Livre comércio
Os deputados
nipo-brasileiros Walter Ihoshi (PSD-SP) e Takayama (PSC-PR) esperam
um estreitamento ainda maior da relação. Ihoshi
deseja a assinatura, um dia, de um acordo de livre comércio
entre Brasil e Japão.
Já
Takayama, que é presidente da Frente Parlamentar Brasil-Japão,
pediu mais atenção do governo japonês à
quarta geração de nipo-brasileiros no que diz respeito
a vistos de trabalho e ainda a produtos agropecuários,
como as carnes suína e bovina produzidas por frigoríficos
brasileiros.
Laços
humanos
Além
da parceria econômica, os participantes da reunião
destacaram a relação de amizade entre Brasil e Japão,
decorrente em grande parte do fato de o Brasil possuir hoje a
maior colônia de japoneses e descendentes fora do Japão,
com quase dois milhões de nipo-brasileiros. O país
asiático, por outro lado, é moradia hoje de quase
200 mil brasileiros, a terceira maior comunidade do país
sul-americano no exterior.
O embaixador
do Japão no Brasil, Satoru Satoh, lembrou as dificuldades
enfrentadas pelos imigrantes japoneses ao aportar 109 anos atrás
em uma terra onde tudo era diferente - o ambiente, a língua,
os costumes. "Mesmo enfrentando dificuldades, os imigrantes
japoneses dedicaram-se ao trabalho, sem perder sonhos e esperanças",
disse.
Esse trabalho,
prosseguiu Satoh, continuou com os descendentes dos japoneses
que chegaram ao Brasil, do qual Cecília Kiku Ishitani é
testemunha. Segundo a diplomata, a assimilação dos
imigrantes japoneses se deu de maneira ampla e difusa no Brasil,
com descendentes atuando em diversas as áreas da economia.
No Itamaraty, disse, existem hoje 24 diplomatas nipo-brasileiros,
sendo mais da metade mulheres.
"A imigração
japonesa teve viés de saga, além de muitos exemplos
de superação. Houve privação de pais,
avós e bisavós, mas também perseverança,
valorização do trabalho, da família e do
bem-estar coletivo", declarou Ishitani.
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