Evento
teve recorde de público
(207 mil pessoas) e expositores (194) |
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(Fotos: Kyodo)
Esqueça
as horas em cima da esteira, as aulas de Pilates ou as centenas de abdominais
diários. Tudo que você precisa para entrar em forma agora
são cerca de 2,5m² de área livre, um videogame de última
geração e uma televisão de alta definição.
Contraditório? Para a maioria, sim. Mas para quem foi ao Tokyo
Game Show, realizado entre os dias 16 e 19 de setembro, essa pode ser
considerada uma visão certeira para um futuro próximo. No
maior evento de tecnologia do planeta, brilharam os sensores de movimentos
apresentados pelas gigantes Sony (que lançou o Move, para PS3)
e Microsoft (criadora do Kinect, para Xbox 360), dois dos produtos mais
aguardados para os amantes de games mundo afora.
Embora os sensores
de movimentos não sejam uma novidade no mercado haja visto
o sucesso do Nintendo Wii, líder de vendas, com mais de 70 milhões
de unidades comercializadas desde 2005 , é a primeira vez
que o PS3 e o Xbox 360, que, juntos, estão na casa de mais de 80
milhões de pessoas, disponibilizam a tecnologia em seus títulos.
Com isso, Sony e Microsoft esperam atingir um nicho de jogadores que admirava
jogar por captação de movimentos, mas que não era
necessariamente fã dos títulos da Nintendo, empresa que
segue uma linha diferente das rivais no que se refere ao desenvolvimento
de conteúdo, dando mais espaço a temas educativos do que
a gráficos ultrarrealistas.
Sabendo que
pode se diferenciar pelos títulos, a Microsoft promete recorrer
à criatividade dos desenvolvedores japoneses em seus próximos
jogos. Os conceitos que vimos aqui no Japão são inspiradores,
únicos e diferentes de qualquer coisa que tenhamos visto antes,
afirma o vice-presidente da companhia, Phil Spencer. Por causa das
exigências de mercado, no entanto, eles não podiam ousar
tanto se quisessem ver seus jogos lançados. Mas estamos sugerindo
um novo caminho para o sucesso. Estamos trabalhando com as mais inusitadas
e selvagens ideias dos criadores japoneses, completa o executivo,
sem dar detalhes dos possíveis lançamentos.
Já a
Sony, além do sensor de movimentos, aposta na exibição
de imagens em três dimensões, tecnologia que promete uma
imersão maior nos games. Desde o dia 21 de setembro, a empresa
disponibiliza na Playstation Network, a plataforma on-line do PS3, a atualização
de firmware que permite que os usuários visualizem imagens 3D em
televisores de alta definição, com óculos especiais.
No entanto, ainda não foram lançados títulos desenvolvidos
especificamente para o novo formato. A companhia espera que o PS3 alavanque
as vendas de toda a linha de produtos 3D da empresa, que inclui os televisores
Bravia, as câmeras Cyber-shot e os notebooks Vaio.
Curiosamente,
a líder Nintendo não montou um estande oficial no Tokyo
Game Show deste ano. Mesmo com as principais rivais tentando invadir um
mercado em que ela reina absoluta, a companhia japonesa preferiu não
usar o evento para divulgar seus lançamentos. No entanto, sabe-se
que a Nintendo vem trabalhando no desenvolvimento do DS 3D, um videogame
portátil que exibe imagens tridimensionais sem a necessidade do
uso de óculos especiais, algo que seria tão revolucionário
como o sensor de movimentos, popularizado por ela própria em 2005.
Mercado
de US$ 52,5 bilhões
Tamanha movimentação
no mercado de games é justificada pelas cifras envolvidas. Segundo
o relatório anual Global Entertainment and Media Outlook, realizado
pela PricewaterhouseCoopers, a indústria de jogos faturou em 2009
cerca de US$ 52,5 bilhões. Além disso, a previsão
do estudo é que esse número suba para US$ 86,8 bilhões
em 2014, uma taxa de crescimento de 10,6% ao ano, o que lhe confere a
vice-liderança no posto de setores de mídia e entretenimento
que mais crescem atualmente, atrás apenas da publicidade na internet.
Agradar ao
exigente consumidor de games, no entanto, não é fácil
nem muito menos barato. O título Grand Theft Auto 4 (GTA 4), por
exemplo, tido como o mais caro de todos os tempos, de acordo com o site
Digital Battle, custou à Rockstar nada menos que US$ 100 milhões
em gastos de produção e desenvolvimento.
O valor do
investimento, no entanto, não pesou nos cofres da empresa escocesa.
Cinco dias depois de seu lançamento, em 2008, GTA 4 já havia
vendido mais do que três vezes esse valor.
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PS
Move é a aposta da Sony contra Kinect e Wii Remote |
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Basicamente,
há dois tipos de sensores. Aquele em que o jogador utiliza um controle,
cujo os movimentos são captados por um leitor próximo
caso do Wii Remote, utilizado no Nintendo Wii, e do PS Move, do PS3 ,
e aquele em que apenas um sensor é instalado no ambiente e que
o usuário precisa apenas se movimentar para que seus atos sejam
reproduzidos na tela versão adotada no Kinect, do Xbox 360.
O controle
da Nintendo capta os movimentos através de três acelerômetros
embutidos e de uma câmera infravermelho. Além disso, ele
tem um sistema de vibração e um pequeno alto-falante que
emite sons mais simples e próximos, como o bater de uma espada,
o som de um tiro ou até raquetes de tênis. O PS Move é
um pouco diferente do Wii Remote, já que o principal componente
do conjunto é a PlayStation Eye, um tipo de webcam de alta qualidade.
Já o
Kinect está um pouquinho à frente dos rivais. Em primeiro
lugar, ele não pede o uso de controles. Há duas câmeras:
uma RGB, que reconhece o rosto e exibe vídeos, e outra infravermelha,
para reconhecer movimento e profundidade. Ele divide o corpo humano em
48 pontos e reconhece as principais articulações do jogador,
com perfeita noção de profundidade. O Kinect é tão
inteligente que, se sua sala tiver dois sofás que limitem o espaço,
ele envia um sinal ao jogo para estreitar o ambiente virtual.
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