Yotaro
tem pele feita de silicone e sensores por todo o corpo que reagem
de acordo com o estímulo recebido
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(Reportagwem:
Luis Yuaso/NB | Fotos: Divulgação)
Yotaro
é um bebê como qualquer outro: ele sorri, balança
as pernas quando sente cócegas e pode até ficar zangado
com um carinho exagerado. Vez ou outra, como é comum nessa idade,
seu nariz escorre, e ele cai no choro, derramando lágrimas pelo
berço. Sua única diferença dos coleguinhas de berçário
é que ele não é humano. Desenvolvido por pesquisadores
da Universidade de Tsukuba, entre eles o brasileiro Wagner Tetsuya Matsuzaki,
Yotaro é um bebê robô criado para incentivar os japoneses
a terem filhos. Sua sofisticação é tanta que ele
é capaz de mudar de humor de acordo com a frequência e intensidade
do toque de seus pais.
Segundo Matsuzaki,
27 anos, que mora em Tsukuba (Ibaraki) desde 2007, onde faz mestrado em
Design de Produto, a ideia do projeto nasceu da grande presença
de humanoides no cotidiano japonês. No entanto, os robôs
são tratados apenas como objetos constituídos de plástico,
metal e outros materiais. Nesse sentido, a nossa proposta foi criar uma
relação mais humanizada entre os robôs e as pessoas,
diz o brasileiro. O Yotaro possui uma pele macia feita de silicone,
temperatura corporal e reage às ações da pessoa que
interage, explica.
O rosto de
Yotaro é composto, além da pele de silicone, por duas semiesferas
de acrílico transparente que funcionam como uma espécie
de tela de projeção de suas expressões. Internamente,
essa estrutura conta ainda com uma câmera infravermelha que captura
a posição da pessoa com quem o robô interage. Além
disso, seu corpo é composto de vários sensores de toque
que fazem que pernas e mãos se movimentem de acordo com o estímulo
recebido. Para manter a temperatura de um ser humano, dois motores bombeiam
água aquecida para seu rosto e permitem que ele possa chorar e
seu nariz escorrer.
Para processar
todas essas informações, Yotaro conta com um computador
que controla as emoções que devem ser manifestadas naquele
momento para representar qual seria o comportamento de um bebê de
verdade. Por exemplo, inicialmente ele está dormindo. Se
você o toca ele acorda. No primeiro momento ele está sonolento,
aos poucos vai se animando e depois fica bem alegre. No entanto, ele vai
se cansando e logo volta a dormir, explica Matsuzaki.
Mesmo sendo
apenas um bebê, Yotaro já tem seus títulos, entre
eles o de projeto campeão do concurso de realidade virtual IVRC,
em 2008. Sua comercialização, entretanto, ainda é
dúvida. Não pensávamos que ele fosse ganhar
tamanha repercussão mundial, diz Matsuzaki, que, no entanto,
vê com bons olhos a produção em massa de seu filho
humanoide. É possível que projetos como o Yotaro possam
incentivar jovens japoneses a terem filhos.
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Robôs
ainda mais desenvolvidos
Diego-san
anda, mexe em objetos
e até abraça seus criadores
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Eles não
têm a graça e a naturalidade de uma criança de verdade.
Mas a intenção nem é essa. Desenvolvidos para tentar
compreender o processo de aprendizagem infantil, os bebês robôs,
que viraram uma febre no Japão nos últimos anos, possuem
uma função nobre para a sua espécie: a criação
de humanoides ainda mais sofisticados. Para isso, os cientistas desenvolveram
mecanismos que permitem que eles aprendam coisas novas, algo parecido
com o processo de aprendizagem dos seres humanos.
O M3-Neony,
por exemplo, tem 50 centímetros de altura, pesa 3,5 quilos e é
capaz de reconhecer expressões faciais, como alegria ou tristeza,
através de suas câmeras de alta resolução instaladas
na área dos olhos. Além disso, ele tem 22 músculos
mecânicos e pode até mesmo fazer pequenas caminhadas. Seus
pais são os cientistas da Universidade de Osaka, liderados
por Minoru Asada, um japonês que acredita que em 2050 uma seleção
de robôs seja capaz de vencer a Copa do Mundo de futebol.
A teoria de
Asada parte do princípio de que as máquinas, assim como
os humanos, têm capacidade de estar em constante desenvolvimento.
Os bebês e as crianças têm programas muito, muito
limitados. Mas têm capacidade para aprender mais, afirma o
cientista. Assim, segundo os engenheiros, ao receber estímulos
para andar, por exemplo, o robô tenta descobrir como utilizar seu
sistema para se levantar, engatinhar, ficar de pé e depois caminhar,
sem que necessariamente ele esteja pré-programado para isso.
Na mesma linha,
a Universidade da Califórnia, em parceria com a Kokoro Co., criou
Diego-san, um robô que conta com 60 mecanismos móveis no
corpo, mais 20 no rosto e pode interagir com a ambiente quase como uma
pessoa de verdade. Anda, mexe em objetos, reconhece expressões
e até abraça seus criadores. Diego-san tem a missão
de estudar a comunicação não verbal de uma criança,
como gestos e expressões faciais.
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