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Arquivo NippoBrasil - Edição 085 - 4 a 10 de janeiro de 2001
 
Kaguya Hime - Parte 2

(Por Claudio Seto)

O MANTO DE PELE DO RATO DE FOGO
Ao príncipe n0 3 coube a missão de trazer da China um manto confeccionado com pele de Rato de Fogo. Conforme a lenda, os ratinhos nascidos no ano do Rato de Fogo do horóscopo Oriental, tinham a pele resistentes e não queimavam com a chama.

Nessa época, na costa oeste do Japão, ao norte da ilha de Kyushu, alguns navios chineses aportavam carregado de mercadorias para vender aos comerciantes japoneses. Sabendo disso, o príncipe n0 3 resolveu encomendar aos chineses para lhe trazer o manto de tal pele. Assim, daria menos trabalho e evitaria demorados contatos diplomáticos, caso um príncipe japonês fosse à aquele país.

Contatado um comerciante chinês, este respondeu que já ouviu falar dessa pele, porém não sabia onde encontrar. Devido a insistência do príncipe n0 3, o chinês aceitou procurar o manto, em troca de uma fabulosa soma em moedas de ouro. Sem outra saída, o príncipe entregou uma verdadeira fortuna, alertando que se não trouxesse sua encomenda na próxima viagem, não mais permitiria sua presença nos portos japoneses.

Quase um ano depois, quando os homens do príncipe já estavam cansados de esperar no porto, o navio chinês voltou carregado de mercadorias.
-Trouxe a pele que o príncipe encomendou?

-Sim, está nessa fina caixa laqueada. Um verdadeiro tesouro! Deu trabalho para encontrar, mas consegui com a ajuda do imperador da China. Trata-se de um manto sagrado de pele de Rato de Fogo que pertenceu a um venerável monge hindú. Para adquirir tive que pagar uma verdadeira fortuna, e o dinheiro que seu príncipe me deu, não foi o suficiente. Para levar vocês terão que me pagar a diferença.

Como o manto de pele era muito importante para o príncipe, seus vassalos pagaram mais dinheiro ao chinês e levaram a caixa de laca apressadamente para a capital do Japão. O príncipe n0 3 recebeu a mercadoria com grande alegria. “Agora , com certeza ele seria eleito noivo da bela princesa”, pensou. Com o mínimo de esforço, apenas gastando muito dinheiro ele tinha comprado a felicidade. Mandou enfeitar a caixa laqueada com muitas flores e colocou num luxuoso carro puxado por bois e foi para a casa do velho Taketori, acompanhado pelos servos.

Ao abrir a luxuosa caixa, Hime encontrou um bonito manto de pele, de cor levemente esverdeada. Era realmente uma peça de beleza encantadora. Uma tonalidade antes nunca vista pela princesa e seus pais. Certamente legítima pele de Rato de Fogo! Assim sendo não queimaria mesmo colocando no fogo. E o próprio príncipe se ofereceu para mostrar a façanha à todos. Apanhou o manto e colocou num pote de brasas. Qual não foi a surpresa ao ver o manto de pele arder em chamas e transformar-se num punhado de cinzas.

-Ahhhh!... fui enganado, paguei uma fortuna para o chinês e vejam no que deu – lamentou o príncipe.
-Então você não foi à China conforme pedia sua tarefa? Observou a princesa.
Assim, o príncipe n0 3 saiu da parada, restando apenas dois concorrentes.

A JÓIA DO REI DRAGÃO
Ao príncipe n0 4 coube a tarefa de trazer o tamá (uma jóia esférica) pertencente ao Rei Dragão. Reuniu vários vassalos e deu-lhes dinheiro para trazerem, custe o que custar, a jóia que esta pendurado no pescoço do Dragão, o rei do mar.

-Vocês devem percorrer todas as ilhas que formam o arquipélago japonês e trazer informações de onde fica o Ryugyu, o palácio do Rei Dragão. Depois vamos matar essa fera e tirar a jóia que está em seu poder. Os enviados do príncipe n0 4 saíram em todas as direções mas, como estava difícil de conseguir informações precisas, resolveram abandonar a missão e ficar com o dinheiro.

Furioso porque ninguém retornou passado um ano, ele próprio resolveu procurar a morada do dragão em alto mar. Fretou um navio e contratou os melhores arqueiros do Japão para acompanhá-lo.

-Vamos encher o dragão de flechas e retirar seu tamá.
A medida que o navio avançava, o mar ia escurecendo e desabou uma terrível tempestade. O mastro partiu com a força do vento, pessoas e objetos eram arrastados pelas águas, que invadiam a proa ao sabor dos balanços das ondas enfurecidas. De minutos em minutos fortes clarões riscavam o céu, cegando os marujos e estrondosos trovões ensurdeciam os homens que se agarravam onde podiam para não serem arrastados para o mar.

- O Rei Dragão está furioso – gritavam os marujos – ele sabe da intenção que o príncipe tem, de matá-lo à flechadas. Por favor alteza, arrependa-se e peça perdão ao Rei Dragão, senão vamos morrer todos nessa tormenta.

Imediatamente os arqueiros atiraram seus arcos e flechas no mar mas a tempestade não acalmou. O orgulhoso príncipe que estava morrendo de medo, ajoelhou-se e pediu mil perdões, jurando que nunca mais tentaria matar o dragão. Aos poucos a tormenta foi passando e no terceiro dia, o barco chegou arrastado pelas ondas ao porto de partida. Completamente arrasado o príncipe desembarcou e foi direto para seu palacete onde se trancou por um bom tempo.

AS CONCHAS QUE AS ANDORINHAS BOTAM
Ao príncipe n0 5 coube a tarefa de trazer umas conchinhas que, segundo dizem, as andorinhas botam junto com seus ovos. Era a tarefa mais fácil de todas, afinal, quando chega a primavera, em todas as partes do Japão, as andorinhas aparecem em bando.

O príncipe mandou seus subordinados procurar por todos os cantos e milhares de ninhos foram vasculhados. Para infelicidade do príncipe, ninguém conseguiu encontrar as tais conchinhas.

-Vocês são mesmo uns incompetentes! Comentava o príncipe quando notou que uma andorinha tinha feito ninho em seu palácio. O conselheiro do príncipe informou que quando uma andorinha bota ovo, costuma levantar o rabo e girar sete vezes. Portanto deviam ficar observando de baixo para não espantar a ave e agir no momento certo.

O plano foi instalar uma roldana na ponta de um andaime e amarrar uma corda com cesto, onde alguém dentro dele seria içado até a altura do ninho. O príncipe gostou da idéia e resolveu que ele mesmo iria subir no cesto, pois seus subordinados não estavam servindo para nada.

Assim, todos ficaram de olho no rabo da andorinha. No terceiro dia, ela levantou o rabo e fez um movimento giratório. Então o príncipe entusiasmado gritou:
-Vamos seus incompetentes, puxem a corda!

O príncipe foi içado até a altura da beirada do telhado onde estava o ninho. Introduziu a mão embaixo do telhado e agarrou alguma coisa dura no fundo do ninho.
-Peguei. Peguei a conchinha! – gritou entusiasmado, pulando de alegria. Os pulos balançaram o cesto que desequilibrado despencou para baixo. Com o impacto da queda, o príncipe ficou desmaiado por alguns minutos. Só recuperou o sentido com um balde de água fria na cabeça. Ainda meio atordoado disse:

- Pelo menos valeu a pena, a conchinha está aqui na minha mão.
Quando abriu a mão para mostrar, todos caíram na gargalhada, porque o que o príncipe segurava firmemente, era estrume de pássaro, seco e duro.
Assim todos os príncipes acabaram por renunciar à mão da linda Kaguya Hime.

O IMPERADOR
A fama da beleza de Kaguya Hime continuou crescendo e chegou até os ouvidos do imperador. Um dia, um importante ministro conselheiro da corte imperial chegou a casa do velho Taketori com um convite para Hime visitar o palácio. Ao ser notificada do convite, a princesa recusou prontamente:

-Por favor, eu não quero visitar ninguém.
O ministro não acreditou no que estava ouvindo. Ninguém em tempo algum, havia recusado o convite de um imperador do Japão.

-Menina você sabe o que está dizendo? Ninguém em sã consciência recusa o convite do imperador do Japão. São poucos os mortais que tem a honra de receber tão digno convite. Sua Majestade é a pessoa mais importante do País e por cima, descendente de Amaterassu Omikami, a Augusta Deusa Sol. O convite dele é uma divina ordem, ninguém pode recusar.
-Eu não quero ir. Repetiu Hime.

Atordoado com o que estava acontecendo, o ministro conselheiro retirou-se sem mais palavras. Recusar o convite do imperador era uma situação completamente inusitada, que tamanho absurdo, deixou a alta personalidade da corte sem condição de raciocinar. Chegando ao palácio, relatou o acontecido e perguntou ao Imperador se deveria mandar decepar a cabeça de todos da famílias, pela imperdoável ofensa.

O Imperador riu e disse que qualquer dia iria conhecê-la pessoalmente. Todos riram pensando que se tratava de uma brincadeira de Sua Majestade. Porém, certo dia, voltando de uma caçada, ele resolver parar na casa dos velhinhos para ver com os próprios olhos, a propalada beleza de Kaguya Hime.

Quando viu a figura do imperador adentrando sua casa, o velho Taketori caiu de joelhos, abaixou a cabeça até o solo em reverência . Mal podia acreditar que tamanha honra fosse possível de acontecer naquele vilarejo. Sem ser anunciado o imperador foi direto para dentro da casa a procura da bela princesa. Quando viu a mocinha, exclamou pasmo:
-Sua beleza é celestial! És muito mais bonita do que as palavras podem descrever. Gostaria que viesse comigo para morar no palácio.

O pedido do Imperador era uma ordem. Kaguya Hime começou a chorar e de seus lindos olhos lágrimas escorreram. Ela pedia suplicando que a deixasse ficar com seus pais que tanto amava. O Imperador ficou muito comovido e atendeu o pedido. Porém, exigiu que ela respondesse as poesias que lhe enviaria. Pois no período Heian (794 a 1192) era moda trocar cartas com poesias. Dizem que o Imperador mandou alguns Waka (poesia do tipo Tanka) e ela respondeu com lindos poemas que deixaram Sua Majestade muito feliz.

Kaguya Hime, continua e será divida em 3 partes

História do Japão
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