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Arquivo NippoBrasil - Edição 083 - 14 a 20 de dezembro de 2000
 
Mino no Mamushi: A Cobra Venenosa de Mino

(Por Claudio Seto)

Em abril de 1500, enquanto a esquadra de Pedro Alvares Cabral procurava um porto seguro para atracar em terra até então desconhecida, do outro lado do planeta, um garoto plebeu de 5 anos chamado Shogorô, tornava-se noviço sendo iniciado na religião budista, no templo Myôkaku em Kyoto, então capital do Japão.

No domingo, dia 26 de abril de 1500, num local que foi denominado Ilhéu da Coroa Vermelha, era rezada por Frei Henrique a primeira missa católica nas terras descobertas, enquanto que no templo Myôkaku, o menino Shogorô, com a cabeça raspada, assistia seu primeiro culto budista.

No dia 1o de maio daquele ano os navegantes levantaram uma cruz com as armas do rei de Portugal e rezaram a primeira missa em terra firme. Muitos índios participaram do ofício religioso imitando as atitudes dos portugueses e receberam como lembrança cruzes de estanho. Do outro lado do mundo, em Kyoto, o menino Shogorô, recebeu uma tigela de comer arroz e um hábito de noviço budista, sendo oficializado como morador do templo Myôkaku.

A história mostrou mais tarde que apesar do esforço dos portugueses, os índios não se apegaram ao cristianismo, assim como Shogoro, aos ensinamentos do budismo. Quando cresceu, abandonou o templo Kyôkaku e partiu para uma aventura pessoal. Certa ocasião, confidenciou com o melhor amigo: “eu prefiro viver com deleite o mundo, vendo com os meus olhos e sentindo com as minhas próprias mãos”. Essa forma sensual de pensar contrariava o que vinha aprendendo. Trocou os ensinamentos religiosos pelo treinamento em artes marciais. As horas que se dedicava à meditação foi trocada por adestramento na espada e no yabusame (arco-e-flecha e cavalaria).

Para viver, resolveu ser um vendedor ambulante de óleo na região do castelo de Inaba, na atual Guifu. Para chamar atenção e ganhar fregueses, ao invés de usar um funil para despejar o óleo, utilizava-se das moeda furadas (existente na época para passar cordão) e com grande habilidade despejava o óleo no vasilhame passando pelo furo. Sua proposta era não cobrar o óleo se uma gota que seja, caísse fora do furo.

Tal façanha atraiu a atenção de um Lorde, vassalo do clã Nagai, os Senhores de Inabajô. Chamado para uma demonstração, o Lorde ficou surpreso e aconselhou-o a usar sua firmeza nas mãos em artes bélicas. Shogoro que sonhava em ser guerreiro não perdeu a chance. Eram meados do século XVI, o Japão arrasado por intrigas internas, dava início a um grande período de guerra entre feudos e era crescente em todos os castelos a necessidade de samurais.

Ao se tornar um samurai, Shogoro recebeu o nome de Saito Dosan. Uma das suas primeiras medidas foi colheu um bambu e fazer uma lança, anexando em sua ponta a moeda com o furo. Através desse furo, ele podia mirar o alvo que desejava atingir. Em pouco tempo a sua reputação aumentou, sendo convidado a tornar-se agente de confiança do nobre jovem Toki no Yoriaki, irmão de Toki no Massayori, governador de Mino.

Conhecendo a existência de uma divergência entre os irmãos, Dosan tira proveito da situação, induzindo o seu Senhor, Yoriaki, a desalojar Massayori da região de Mino. Para persuadi-lo, Dosan usa o seguinte argumento: “Se a tentativa falhar, eu assumirei a responsabilidade pelo assalto, isentando-o das responsabilidades”.

Em agosto de 1527, liderando 3.200 guerreiros, Saito Dosan ataca o Castelo Kawabe onde residia Masayori. Depois de uma batalha sangrenta, brandindo sua lança ele ocupa vitorioso o local. Dosan tinha provado a sua astúcia e Toki no Yoriaki passou a ser o senhor de Mino.

Quase duas décadas depois, em 1543, então com 48 anos de idade e comandante do exército, Saito Dosan dá um golpe de estado, expulsando Yoriaki tornou-se daimyô (feudatário) de Mino. Para assegurar que a clã Toki não tentasse uma vingança, tornou-se tutor do filho de Yoriaki, e o manteve no castelo sobre sua “proteção” (refém). Foi nessa época que passou a ser chamado de Mino no Mamushi ( a víbora de Mino) por outros senhores feudais.

Instalado no poder, os problemas começaram a surgir. Do feudo de Owari (atual província de Aichi), o daimyô Oda Nobuhide invadiu Mino com sua tropa, sob o pretexto de que era simpatizante do derrotado clã Toki. O inimigo era muito mais poderoso e Dosan pede paz, para não tornar Mino um campo de batalhas.

Visando formar uma aliança, decide casar sua filha, Nohime, de 10 anos, com Oda Nobunaga, de 15 anos, filho do feudatário Oda Nobuhide. Isso significava que a pequena Nohime se tornaria refém dos Oda, portanto Dosan jamais atacaria o castelo dos Oda de surpresa. Porém, na época, como todo cuidado era pouco, antes do casamento, Dosan entregou à filha uma adaga dizendo:
- “Nobunaga, o seu noivo, tem reputação de ser um homem tolo. Se for realmente tolo, mate-o com essa arma”.

Ela replicou: -“Tão logo essa adaga será a adaga com a qual matá-lo-ei”.
Satisfeito, Dosan elogiou: - “Tu és minha filha!”
Pouco depois com a morte de Oda Nobuhide, o filho Nobunaga sucedeu-o à frente do clã. Foi no encontro, conhecido posteriormente por Shinchokoki, que Dosan reconheceu o valor de Oda Nobunaga.

Não havia mais por que temer Nobunaga, ele era um tanto esquisito, mas jamais tolo. Dosan passou a respeitá-lo.
Porém, anos depois enfrentou o rancor do clã Toki, que clamava por vingança. Yoshitatsu, o filho de Toki no Yoriaki, “adotado” na infância por Dosan, rebelou-se contra seu tutor arrebanhando um grande exército. A partir daí muitas batalhas sangrentas se sucederam.

Apesar de Dosan persistir em ficar no poder, certo dia, quando perdeu uma batalha, em fúria escreveu a um dos filhos, confessando a sua vontade de voltar ao Templo Myokaku, onde tinha aprendido a filosofia budista. Dosan sabia que um dia seria derrotado por Toki no Yoshitatsu e expressou satisfação em saber que os seus filhos ingressariam na vida monástica, para salvação de suas próprias almas e a vida de seus parentes. Dosan previu também a sua própria morte em batalha, que ocorreu realmente nas correntezas do Rio Nagara, lutando contra as tropas de Yoshitatsu.

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