Existem pessoas que preferem se sentir infelizes. Por mais que
você diga o quanto é importante as suas famílias,
a saúde e a harmonia, elas não dão a mínima
para isso. Estão sempre mais preocupadas em sanar as preocupações
e criar outras do que degustar as já solucionadas. Deste
modo, nunca sentem a felicidade enquanto não perdem boa parte
daquilo que não davam valor. É quase sempre assim.
Até mesmo para praticar a fé.
O mestre Nissen Shounin, fundador do Budismo Primordial HBS, coloca
o ser humano, o praticante da fé budista, como um ser extraordinariamente
afortunado. Vejamos o porquê. Imagine alguém descendo
um fio de linha desde a estratosfera. Esse fio passa pelo céu
em meio à tempestade e vendaval, e ainda assim acerta o buraco
da agulha. Realmente seria o cúmulo da pontaria. Buda ensina
que nascer humano é milhões de vezes mais difícil
que isso. E muito mais difícil ainda nessa vida é
encontrar com o Darma Sagrado. Isto é, o fato de nascer humano
é uma importante e única condição que
nos permite praticar a fé do Darma Sagrado. Baseado nessa
ótica podemos dizer que somos afortunados, pois qualquer
outro tipo de fortuna seria esgotável.
O grande mestre Nitiren coloca também da seguinte forma:
Eu, Nitiren, estudo o Darma de Buda desde a infância
e oro muito, pois a vida do ser é muito instável.
Após expirar pode não voltar a respirar novamente.
Ou seja, coloca em cada respiração a importância
de viver pela fé. Dá para contar quantas vezes respiramos
em uma vida. Por mais que pareçam muitas, ainda assim o desperdício
de vida é maior. A religião não existe essencialmente
para curar a doença, mas primeiramente para preveni-la, para
limitar nossos egos, anseios, ignorância e estupidez. Caso
contrário, viveremos correndo atrás de bênçãos
e mais bênçãos infinitamente, sem mesmo perceber
que a benção maior é acabar com o mal pela
raiz. O objetivo da vinda de Buda a este mundo foi isso, deixar
o Darma Sagrado para buscarmos um tipo de cura que não permitisse
sermos acometidos nunca mais por nenhuma doença. Isso exige
um modo de vida e uma consciência religiosa pura, suficientemente
capaz de nos fazer perceber que não praticamos a fé
para sermos felizes e que sim poder praticar a fé nos caracteriza
como seres verdadeiramente afortunados.
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