Existem
pessoas que fazem questão de dizer “depende”
para tudo. Isto é, que tudo é relativo e que nada
é absoluto. Tudo bem, mas também é inegável
que ao menos devemos ter um conceito básico para as coisas
importantes da vida. E dentre essas coisas, encontra-se a felicidade
que tanto almejamos. Podemos conceituar a felicidade de vários
modos. Todavia, vejamos como ela pode se mostrar de várias
formas, o que nos leva a uma profunda reflexão do que realmente
possa ser.
Imaginemos
uma situação corriqueira de um ônibus lotado
em que estejamos de pé e muito cansados, quando de repente,
alguém se levanta para saltar do ônibus e ali finalmente
conseguimos nos sentar. Normalmente chegamos até a suspirar
de tanto alívio e satisfação. No entanto, por
que será que não sentimos a mesma satisfação
e alegria quando nos assentamos em um ônibus vazio?
Isso
porque a felicidade convencional está associada diretamente
ao ego. Isto é, quanto menos você sofre em relação
ao sofrimento do outro, mais feliz acaba se sentindo. Isso não
pode ser um real conceito de felicidade. É um mecanismo venenoso
que já carregamos dentro de nós, mas que podemos superar.
Basta estar no mesmo ônibus e procurar sentir o prazer cedendo
o assento para alguém, vendo a satisfação de
outrem. Essa, sim, deve ser a real sensação e conceito
do que vem a ser a felicidade, algo possível de se receber
somente depois de oferecer, sem mesmo esperar ou cobrar. Sim, é
difícil chegar a esse nível, mas vamos viver tentando,
exercitando dessa forma e, no mínimo, sabendo que somente
assim poderemos ser felizes plenamente.
Crescemos
às vezes insensíveis e infelizes pelo condicionamento
inadequado de interpretar a vida de maneira somente racional. Diferentemente
da forma, às vezes, incoerente, mas pura, de uma criança
interpretar a vida. Por que será que uma criança quando
perguntada:
“O
que você quer ser quando crescer?”. Se responder: “Eu
quero ser feliz!” (todos deveríamos poder responder
assim...), acaba parecendo uma resposta no mínimo desconcertante?
Porque
confundimos o meio com o objetivo. Não importa o que façamos,
sejamos médicos, enfermeiras, zeladores, professores etc.
O importante é que não esqueçamos que isso
é um meio de cultivarmos a felicidade mútua e não
um objetivo pessoal e final de vida. A felicidade encontra-se no
processo e não em um resultado.
Tenhamos
a coragem de dizer “eu quero ser feliz” e ter a certeza
de que essa é a resposta certa de que derivará variados
atos capazes de nos permitir ser mais felizes por ceder um assento
do que propriamente sentar nele. Uma religião precisa nos
levar a essa reflexão, a tomarmos atitudes assim. Se não,
nos tornará, apesar de religiosos, individualistas. E em
uma religião isso seria extremamente contraditório.
A maior bênção e felicidade que podemos adquirir
também é somente aquela que podemos dividir com alguém,
o resto ilude. O Budismo Primordial é um modo de prática
e solução que nos traz uma real consciência
de felicidade.
Está
a nossa disposição há mais de cem anos e, agora,
cada vez mais se nacionaliza, atendendo a sociedade como um todo.
Iluminação para todos.
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