(Fonte e Fotos: Matheus Misumoto/Associação
Japonesa de Santos)
Uma comitiva
da Associação Japonesa de Santos esteve em Brasília
nesta terça-feira (05), em novo esforço para a devolução
definitiva do imóvel de sua sede, o casarão da rua
Paraná, confiscada após a Segunda Guerra Mundial.
A mobilização visa a entrada da votação
do projeto de lei que autoriza o ato na pauta da Câmara
dos Deputados.
A proposta,
elaborada pelo então deputado Koyu Iha, tramita no Congresso
Nacional desde 1994 e foi retomado por iniciativa do deputado
federal João Paulo Papa (PSDB/SP). A comitiva esteve juntamente
com o parlamentar em uma reunião com o primeiro secretário
da Mesa Diretora da Câmara, o deputado federal Beto Mansur
(PRB/SP).
O pedido de
celeridade contou com o reforço do Embaixador do Japão
no Brasil, Kunio Umeda, que também participou do encontro
nas dependências da Câmara. O projeto de lei já
passou pelo Senado Federal e, caso colocado em pauta e aprovado
em plenário, o texto seguirá para sanção
presidencial.
Os deputados
federais Keiko Ota (PSB/SP) e Luiz Nishimori (PR/PR), também
integrantes da comunidade nipo-brasileira, participaram da reunião
em que foi enfatizada a importância deste projeto para a
comunidade santista, bem como para os japoneses e seus descendentes.
Em maio, representantes
da Associação se encontraram com o Cônsul
Geral do Japão em São Paulo, em que discutiram a
possibilidade de apreciação e aprovação
do texto, demonstrando a importância do assunto. A comitiva
deixou o encontro com a intenção dos parlamentares
presentes na reunião em colocar o projeto de lei, que já
tramita em regime de urgência, na ordem do dia para a apreciação
do plenário da Câmara dos Deputados.
Breve
histórico do imóvel

A Associação
Japonesa de Santos é sucessora da antiga Sociedade Japonesa
de Santos, cujos primeiros registros datam de 1929 em uma escola
mantida para ajudar no ensino dos descendentes de imigrantes.
A escola e a antiga entidade funcionavam em um casarão
adquirido com o apoio do governo japonês na Rua Paraná,
129, no bairro Vila Mathias.
No início
da década de 1940, a eclosão da Segunda Guerra Mundial
e as medidas nacionalistas do Estado Novo fizeram com que a Sociedade
Japonesa de Santos mudasse seu nome para Sociedade Instrutiva
Vila Mathias, para evitar prejuízos ao processo educacional
da escola da comunidade nipônica.
O Brasil ingressou
na Segunda Guerra Mundial junto aos grupo de países Aliados,
que eram adversários do bloco do Eixo, o qual o Japão
fez parte. Um decreto federal obrigou os japoneses e outros imigrantes
das nações do Eixo a deixar a cidade considerada
área de segurança nacional em um período
de 24 horas. As atividades culturais e educacionais da entidade
foram suspensas.
Após
o fim da guerra e com uma minúscula quantidade de imigrantes
japoneses em Santos, um outro decreto federal dissolveu as sociedades
civis de imigrantes dos países do Eixo e transferiu o patrimônio
destas entidades ao Governo Federal. Com isso, a Sociedade Japonesa
de Santos foi dissolvida, e o casarão onde funcionava a
escola na Rua Paraná foi incorporado ao patrimônio
do governo brasileiro.
Em 2006, a
Secretaria de Patrimônio da União permitiu o uso
do imóvel para as atividades da Associação
Japonesa de Santos e, em 2008, o casarão foi reinaugurado
com a presença do príncipe Naruhito, durante as
comemorações do Centenário da Imigração
Japonesa. Hoje, o espaço recebe eventos, cursos e atividades
culturais, além de manter o ensino da língua japonesa
em uma escola com mais de 100 alunos.
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