Dr. Roberto Yano alerta que Covid-19 pode desencadear miocardite,
além de evoluir para quadros de insuficiência
cardíaca
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Texto
e imagem: Divulgação/MF Press Global, escrito por
Fabiano de Abreu
A vacinação
no Brasil já começou para os profissionais da saúde
e indígenas espalhados por todos o país, após
aval concedido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), durante a 1ª Reunião Extraordinária
Pública da Diretoria Colegiada, realizada na manhã
de 17 de janeiro, que autorizou o uso emergencial das vacinas de
Oxford-AstraZeneca, da Fiocruz, e a Coronavac, do Instituto Butantan.
Pessoas
com comorbidades que incluem entre outros, diabéticos,
hipertensos e pacientes com problemas cardiovasculares devem
ser contemplados com a imunização apenas na fase três,
que deve ocorrer próximo ao mês de junho caso as estimativas
se confirmem. Para o cardiologista Dr. Roberto Yano, apesar do prazo
não ser o mais adequado, a imunização poderá
ser a diferença entre a vida e a morte de pacientes com doenças
cardíacas.
"O
sistema de vacinação em nosso país é
exemplo a ser seguido por outras nações. É
claro que o ideal seria que a vacina fosse disponibilizada de forma
integral e imediata a todos os brasileiros. Mas lidamos com uma
situação delicada no momento, que é da indisponibilidade
das doses para todos", analisa.
"A
maioria dos cardiopatas tem mais de 60 anos, se pensarmos dessa
maneira, boa parte deles será vacinado antes do prazo estipulado,
visto que pessoas entre 60 e 74 anos fazem parte da segunda fase
e pessoas acima de 75 anos se encaixam na primeira fase da vacinação",
completa o médico.
Mas afinal,
por que pessoas com doenças cardiovasculares e do coração
estão no grupo de risco?
O cardiologista
Dr. Roberto Yano explica que pessoas com problemas cardiovasculares
ou do coração tem maior probabilidade de evoluir para
as formas graves da doença, no pior dos cenários à
Síndrome da Insuficiência Respiratória Aguda.
"Imagine
o paciente que já tem doença cardíaca ativa
e agora tem o seu pulmão acometido pela doença. Não
há dúvidas que essa combinação de coração
e pulmão ruins vai contribuir para a má evolução
da doença. Ainda assim, o paciente que tem alguma doença
cardíaca prévia, mesmo que controlada naquele momento,
ao contrair o coronavírus, terá uma grande chance
de descompensar clinicamente e evoluir para as formas mais graves
da doença", alerta.
A explicação
para a má evolução do quadro, segundo cardiologista,
tem relação com o fato do paciente cardiopata ter
a imunidade comprometida, sendo muito mais suscetível a ter
quadros mais graves quando adquirem doenças infecciosas.
"Imagine que o nosso coração é nossa bomba,
o nosso motor. Quando ele não está 100%, acaba prejudicando
todo o funcionamento do organismo, inclusive com relação
às doenças infeciosas, como é o caso do Covid-19",
diz.
Outro
fator é que os cardiopatas, não raramente, são
hipertensos, diabéticos, obesos e muitos tem doenças
pulmonares associadas, o que pode piorar ainda mais os quadros infecciosos
e aumentar a morbimortalidade da temível doença.
O cardiologista
alerta ainda para que já existem casos de pacientes, que
ao contraírem o novo coronavírus, desenvolveram miocardite,
uma inflamação da musculatura do coração.
"Muitos evoluíram para quadros de insuficiência
cardíaca. Outros apresentaram piora de doenças pré-existentes
como doenças isquêmicas cardíacas, e até
piora de algumas arritmias cardíacas", alerta.
Além
da vacinação e do cuidado com o isolamento, esses
pacientes podem adotar algum cuidado preventivo ou que possa diminuir
a gravidade da Covid-19?
Para
o cardiologista, o mais importante é que esses pacientes
evitem ao máximo contrair essa doença. "Os cardiopatas
devem manter o acompanhamento com o médico cardiologista,
além de manter o uso de todas as medicações
prescritas de uso contínuo. Os cuidados preventivos devem
ser redobrados. As orientações são as mesmas:
evitar aglomerações, sair de casa somente em caso
de real necessidade, lavar bem as mãos com água e
sabão e usar álcool em gel", recomenda.
Em casos
de sintomas como febre, cansaço, dor no corpo e tosse, o
Dr. Roberto Yano alerta para a necessidade de procurar o atendimento
de emergência quanto antes. "Mesmo se não houver
dispneia (falta de ar), quanto mais cedo a doença for diagnosticada,
maiores as hipóteses de cura. Outro ponto é que há
muitos pacientes morrendo em casa de infarto ou morte súbita,
por exemplo, pelo receio de procurar um hospital, por isso ao sentir
sintomas cardíacos como dor no peito, falta de ar e palpitações,
o paciente deve procurar, o mais rápido possível,
um pronto atendimento", alerta.
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