Texto e imagem:
NippoBrasil
O 2º
Simpósio do Movimento Político Nikkei (MPN), aconteceu
nesta sexta-feira, dia 14/06, na Federação das Associações
de Províncias do Japão no Brasil (Kenren), no bairro
da Liberdade, em São Paulo. As palestras tiveram como foco
principal a importância da união das entidades nipo-brasileiras
com os candidatos políticos nikkeis. No final, houve um debate
sobre algumas sugestões de temas para projetos de lei.
Para
quem acompanha há tempos os acontecimentos de nossa comunidade,
sabe que sempre houve um embate entre as entidades e os candidatos
políticos nikkeis. E a consequência, outrora prevista,
tornou-se uma dura realidade: a diminuição, a cada
eleição, de políticos descendentes de japoneses
em todos os níveis de governo do País.
Na tentativa
de reverter essa tendência, o ex-deputado Hatiro Shimomoto
criou o Movimento Político Nikkei, neste ano, e busca meios
para fortalecer a presença de representantes da comunidade
no meio político brasileiro. Candidatos nunca faltaram, ao
contrário, justamente o "excesso de candidatos",
que causa a dispersão dos votos, é citado pelo movimento
como um dos problemas; assim como a falta de apoio, coesão
e incentivo das entidades nipo-brasileiras durante a campanha eleitoral,
seja em eventos ou em reuniões.
Em virtude
da paralisação do metrô e dos transtornos do
trânsito ocorrido no dia do encontro, estiveram presentes
no 2º simpósio, cinco membros do MPN, além dos
palestrantes e convidados especiais: o cônsul-geral do Japão
no Brasil, Yasushi Noguchi; o presidente do Kenren, Yasuo Yamada;
e o atual presidente do Bunkyo de São Paulo, Renato Ishikawa.
Entre os políticos compareceram, o vereador de São
Paulo, Aurélio Nomura; o ex-deputado estadual, Hélio
Nishimoto; o atual deputado estadual, coronel Nishikawa; o assessor
do vereador George Hato, Olímpio Kosonoe; e o ex-deputado
Hatiro Shimomoto, dirigente do evento. O Movimento Político
Nikkei conta com 15 membros, entre políticos e ex-políticos.
Importância da união e apoio da
comunidade aos candidatos políticos
"Apreciamos
esses esforços de unir os políticos nikkeis em São
Paulo e a comunidade japonesa. A comunidade japonesa precisa do
apoio dos políticos nikkeis, e os políticos precisam
da comunidade." Discursou o cônsul-geral do Japão
Noguchi na abertura, e a favor da união, e acrescenta "a
presença dos políticos nikkeis fortalece os laços
do Brasil e Japão e contribui para a promoção
da cultura japonesa e dos negócios com o Japão."
Para
Renato Ishikawa, atual presidente do Bunkyo de São Paulo,
a iniciativa também é positiva. "Esse tipo de
evento é importante, pois devemos valorizar os nossos políticos,
falta essa união e apoio. O Brasil tem dois milhões
de nikkeis. Cadê, onde estão os nossos representantes?"
indagou. E continuou "não adianta ficar com essa falsa
moralidade de que não se pode unir a políticos. As
entidades têm que ajudar a eleger os políticos, no
sentido político positivo, não de politicagem. A entidade
precisa deles".
"O
estatuto do Bunkyo não permite, a entidade não pode
lançar um candidato, mas pode apoiar". Complementou
Hatiro Shimomoto.
O deputado
estadual coronel Nishikawa, oficial dos bombeiros, que se elegeu
através de campanhas em mídias sociais, comentou,
"quando nós (como candidato) procuramos as entidades
nikkeis, ninguém deu nenhuma resposta" e continuou,
"hoje quem não participa da política, está
fora. A polícia militar, depois que começou a participar
da política, começou a melhorar um pouco com as condições
de trabalho de lá. Acho que toda entidade tem que ser apartidária,
mas tem que ser político no sentido de participar das decisões
políticas. A PM hoje tem 5 deputados estaduais, de um efetivo
de 85 mil homens. O estado de São Paulo tem 1,2 milhões
de nikkeis, e tem dois deputados estaduais e um federal que não
foram eleitos pela comunidade." Apesar de tudo, o deputado
Nishikawa se prontificou em ajudar a comunidade.
O ex-deputado
estadual Hélio Nishimoto também acredita na importância
dessa integração. "É necessário
termos bons político em todas as esferas que nos representam
de forma positiva. Que as pessoas viam a política como algo
que as instituições não poderiam se envolver,
acho que foi em um tempo, no período pós-guerra. Elas
tinham receio de se envolver na política, mas hoje, se afastar
desse movimento, é uma das piores coisas, um pecado de omissão
não querer se envolver em uma coisa que é fundamental
para o bem do País e para o bem da sociedade, que é
o trabalho político" afirmou.
Temas
e debates
Após
as palestras, o simpósio apresentou alguns temas para debate:
como uma sugestão de lei que farmácias que funcionam
24h disponham de sanitários para usuários (esfera
municipal), que o uso de uniforme escolar seja obrigatório
(esfera estadual ou federal) e que a redução da maioridade
penal passe para 15 anos (esfera federal). Propostas de projetos
contra a corrupção forma apresentadas também.
A sugestão
da obrigatoriedade do uniforme seria para distinguir quem é
estudante e quem não é dentro das escolas, no sentido
de inibir a entrada de pessoas estranhas, como jovens traficantes
de drogas, por exemplo, ou como os rapazes que promoveram o massacre
na escola em Suzano. O uniforme também serviria para não
incentivar a discriminação através do vestuário
devido a condição econômica da família.
Uma outra
sugestão discutida foi a possível diminuição
do número de municípios. "Hoje, há uma
lei que permite a um município, a partir de 2,5 mil habitantes,
a ter uma sede de prefeitura, eleger um prefeito, um vice-prefeito,
e ter mínimo de 9 vereadores, gerando gastos de dinheiro
público federal, pois, tem prefeituras que não conseguem
nem pagar os salários do prefeito e de seus funcionários."
explicou Shimomoto.
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