Fonte
e imagem: Divulgação
Em 1969,
Toyota apresentou na X Bienal de São Paulo, uma das mais
comentadas e premiadas participações da mostra. Um
conjunto de obras que convocava o espectador à interação
e uma instalação que hoje chamaríamos de imersiva.
Os trabalhos despertaram a atenção do público
e da crítica e refletiam a permanência do artista por
três anos na Itália, período no qual participou
de algumas das mais emblemáticas exposições
dos cinéticos, ao lado de Lucio Fontana, Bruno Munari, Vasarely
e Le Parc.

Nascido
no Japão em 1931, Toyota chegou ao Brasil no final da década
de 1950 e naturalizou-se brasileiro em 1971. Começou sua
carreira como pintor logo recebendo alguns dos mais importantes
prêmios do circuito de arte brasileiro, como o do Salão
Esso, em 1965, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, que o
levou à Itália. A partir daí voltou-se para
a escultura e suas obras adquiriram características óticas,
cinéticas e imersivas - partido adotado até hoje.
Aos 86 anos Toyota continua em pleno vigor criativo, sendo um dos
raros escultores brasileiros a dominar a relação escala/espaço,
essencial para a criação de obras ao ar livre. Não
por acaso ao longo dos anos, ele semeou mais de cem obras públicas
entre o Brasil e o Japão.
Com curadoria
de Denise Mattar, a exposição TOYOTA O Ritmo
do espaço resgata esse percurso do artista, apresentando
cerca de 80 obras, reunindo trabalhos dos anos 1960, uma recriação
da instalação imersiva Quarto Escuro, da X Bienal,
obras premiadas no Panorama do Museu de Arte Moderna de São
Paulo, na década de 1970. A mostra traz ainda obras pertencentes
a acervos de instituições como Museu de Arte Contemporânea
de Niterói, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Palácio
Itamaraty, Coleção Roberto Marinho, além de
importantes coleções particulares. Dentro do núcleo
histórico tem destaque um ensaio fotográfico realizado
por Alair Gomes sobre a obra de Toyota.
A
mostra apresenta, ainda, painéis das obras públicas
de sua autoria, realizadas entre os anos 1980 e 2010, no Brasil
e no Japão e esculturas recentes, de grandes dimensões,
concebidas pelo artista especialmente para a exposição.
Trabalho
há mais de sessenta anos e durante esse período criei
milhares de obras entre desenhos, gravuras, pinturas, instalações,
painéis escultóricos e esculturas de todos os tamanhos,
desde pequenos múltiplos a imensos monumentos, mas sempre
fui fiel às mesmas indagações que me fizeram
mergulhar no universo das artes, ainda no Japão. Aos 15 anos
recebi, em Yamagata, o primeiro prêmio de pintura no Salão
de jovens artistas. Na ocasião o critico japonês Atsuo
Imaizumi me disse: mantenha sempre as mesmas ideias e perguntas
interiores assim encontrará sua verdadeira arte e produzirá
obras verdadeiramente suas, obras originais, e foi o que fiz.
O que me interessa verdadeiramente é a conexão entre
o Homem e o Universo. A cultura ocidental responde a essa questão
através da física quântica e a oriental através
da espiritualidade. Aceito os dois significados e ambos estão
no meu trabalho diz, Yutaka Toyota.
A curadora
Denise Mattar destaca o pioneirismo do artista: Yutaka Toyota
faz parte do grupo de artistas que, na década de 1960, decretou
o fim da pintura de cavalete e da escultura figurativa, convidando
o público a participar de novas experiências estéticas,
interativas e sensoriais. Sua obra convoca dualidades: positivo-negativo,
visível-invisível, sólido-evanescente, volume-leveza.
As múltiplas possibilidades do reflexo são a matéria
prima da qual Toyota se utiliza para compreender o significado
do espaço, e, nessa opção podemos apontar
um expressivo parentesco da obra de Toyota com a de Anish Kapoor,
não por acaso, também um oriental-ocidental.
Na exposição
a curadoria privilegia a produção escultórica
de Toyota estabelecendo seu percurso e as principais questões
que permeiam sua obra, sem se ater a uma montagem cronológica.
A escolha
do Museu de Arte Brasileira da FAAP para a apresentação
da mostra em São Paulo reflete uma antiga parceria de Toyota
com a instituição que tem em seu campus algumas obras
monumentais do artista, integradas ao dia a dia dos alunos. Coincidentemente
a mostra chega à cidade, em junho, mês da comemoração
dos 110 anos da Imigração Japonesa no Brasil.
Sobre
a participação na X Bienal
Em 1969
Yutaka Toyota participou na X Bienal de São Paulo ocupando
três salas. Utilizando acrílico e luz negra com uma
tinta especialmente desenvolvida para ele (que na época não
existia aqui), o artista criou uma cabine pintada de preto, que
chamou de Quarto Escuro. Quando o espectador entrava nesse ambiente
mergulhava em uma experiência ótica produzida por duas
formas transparentes em movimento, uma esfera e um cubo, sobre as
quais era projetada uma luz negra criando efeitos cinéticos.
Segundo Toyota, em reportagem da época: o espaço
situa o visitante no limite entre o positivo negativo, entre o real
irreal, no momento aqui-e-agora. No outro ambiente, Espelho,
utilizou duas grandes madeiras côncavas, uma verde e outra
vermelha e um espelho esfumaçado. Ao entrar o visitante via
apenas um espelho e sua imagem refletida nele e acabava fazendo
caras, bocas, caretas, etc. Entretanto, ao passar por trás,
percebia que agora podia ver as pessoas que estavam à frente
do espelho - o que indicava que também tinha sido visto.
No espaço seguinte havia uma esfera listrada, branca e preta,
Positiva e Negativa, girando sobre uma superfície de aço
inoxidável polido, criando formas que remetiam a um infinito
movimento. Sua comunicação com o público era
intensa, surpreendente, e o reconhecimento da crítica se
fez através de muitas matérias positivas reiterando
a nova visão que sua obra trazia para a Arte brasileira.
Toyota recebeu também duas premiações: o Prêmio
Itamaraty e Prêmio Banco de Boston.
Uma recriação
de Quarto Escuro e a obra Positiva e Negativa, pertencente ao Itamaraty,
integram a exposição na FAAP.
Serviço:
TOYOTA
O Ritmo do Espaço
Museu
de Arte Brasileira da FAAP
Quando: Período expositivo: de 23 de junho a 02 de setembro
de 2018
Onde: R. Alagoas, 903 - Higienópolis, São Paulo -
SP, 01242-902
Telefone:
+55 11 3662-7198
Horário de visitação: Segundas, quartas, quintas
e sextas: das 10h00 às 19h00 última entrada
às 18h00. Sábados, domingos e feriados: das 10h00
às 18h00 última entrada às 17h00. Fechado
às terças-feiras mesmo quando feriado.
Entrada:
gratuita
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