Uma
cantora não poderá ser verdadeira
artista se não tiver forte amor à
pátria
(Tamaki Miura)
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Tamaki
Miura
Artista
de renome internacional no mundo da ópera
consagrou-se com a interpretação de Madame
Butterfly
Talvez
alguns não a conheçam pelo nome. Entretanto,
Tamaki Miura foi uma cantora de ópera de porte
internacional, prima-dona da obra Madame Butterfly. A
menção dessa ópera, portanto, é
o suficiente para que centenas de fãs da arte dos
palcos se recordem dessa importante personalidade.
Vida
Tamaki Miura (18841946) nasceu em Tóquio
como a filha mais velha de Shibata Taketoshi, um oficial
de alta graduação do governo. Aos 17 anos,
ela ingressou na Faculdade de Música de Tóquio
chamada, atualmente, de Universidade de Artes de
Tóquio sob a condição de casar-se
com alguém disposto a dar continuidade ao sobrenome
da família.
Enquanto
cursava a faculdade, Tamaki interpretou o papel principal
na primeira ópera realizada por japoneses. Nessa
época, ela ganhou o apelido de a bela ciclista,
pelo fato de ir para as aulas pedalando uma bicicleta
vermelha, item considerado uma raridade naquele tempo.
Após
a conclusão do ensino superior, ela se casou com
um médico militar e prosseguiu no mundo da música
como professora-assistente. No entanto, quando seu marido
recebeu uma ordem de transferência de local de trabalho,
Tamaki pediu o divórcio, optando por seguir o caminho
da música vocal. Nessa ocasião, as críticas
por ela recebidas por parte da sociedade da época
foram tão severas, que chegaram a se referir a
ela como uma péssima mulher, que jogou fora sua
função de esposa de um valoroso militar
do império, deixando-se levar pela paixão
à música.
Mais
tarde, Tamaki casou-se novamente, desta vez com Seitaro
Miura, um médico que tinha profundo interesse pela
arte. Em 1914, Tamaki Miura foi estudar na Alemanha e,
no ano seguinte, fugindo dos bombardeios da guerra, foi
para Londres, onde conseguiu a oportunidade de protagonizar
a peça Madame Butterfly. Quando o convite surgiu,
Tamaki adquiriu, imediatamente, um livro em italiano com
as partituras da peça com 362 páginas em
uma loja de produtos musicais. Ela memorizou dez páginas
por dia, a fim de estar apta para apresentar-se dois meses
depois.
Com
o sucesso obtido na estréia, durante 20 anos, Tamaki
Miura representou a peça. Ao todo, foram 2 mil
apresentações no Ocidente, todas sempre
muito elogiadas. Atuou por muitos anos na Itália,
mas retornou ao Japão em 1935. Trabalhou em prol
da execução de peças no país
e na formação de sucessores. Porém,
com a proibição das montagens de ópera
durante a guerra, teve muitas dificuldades. No ano seguinte
após o fim da guerra, faleceu, vítima de
um tumor no abdome.
Madame
Butterfly
Obra original de J.L.Long, Madame Butterfly foi lançada
em 1895. Seu enredo conta o amor e a tragédia ocorridos
entre Ocho, filha de um samurai, e Pinkerton, oficial
da marinha norte-americana, tendo como cenário
Nagasaki. Os dois se amam, têm um filho, mas Pinkerton
volta à América com a promessa de retornar
ao arquipélago.
Ocho
espera pacientemente por ele e, três anos mais tarde,
Pinkerton retorna a Nagasaki, acompanhado de sua esposa
Kate. Diante do choque, Ocho escolhe a morte, opção
mais honrada para uma filha de samurai do que viver com
a humilhação. Na adaga deixada como recordação
seu pai, estava gravada a seguinte frase: Se não
for possível viver com honra, morra com honra.
No jardim do casarão de Glover, em Nagasaki, há
uma estátua de Madame Butterfly e um entalho do
compositor Pucchini.
Com
base na obra original, Pucchini compôs a música,
que foi apresentada pela primeira vez em Milão
em 1904.
Na
composição, melodias japonesas, como Echigo
jishi, Sakura sakura e Kimigayo foram utilizadas com grande
efeito. Dizem que Pucchini, cujo interesse pelo Japão,
cenário onde se desenrola o enredo, era muito grande,
teria, na época, obtido essas informações
diretamente da embaixatriz japonesa na Itália.
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