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Japoneses Notáveis
Matéria publicada no Zashi edição 2 - Outubro de 2007

“Uma cantora não poderá ser verdadeira artista se não tiver forte amor à pátria”
(Tamaki Miura)

Tamaki Miura

Artista de renome internacional no mundo da ópera
consagrou-se com a interpretação de Madame Butterfly

Talvez alguns não a conheçam pelo nome. Entretanto, Tamaki Miura foi uma cantora de ópera de porte internacional, prima-dona da obra Madame Butterfly. A menção dessa ópera, portanto, é o suficiente para que centenas de fãs da arte dos palcos se recordem dessa importante personalidade.

Vida

Tamaki Miura (1884–1946) nasceu em Tóquio como a filha mais velha de Shibata Taketoshi, um oficial de alta graduação do governo. Aos 17 anos, ela ingressou na Faculdade de Música de Tóquio – chamada, atualmente, de Universidade de Artes de Tóquio – sob a condição de casar-se com alguém disposto a dar continuidade ao sobrenome da família.

Enquanto cursava a faculdade, Tamaki interpretou o papel principal na primeira ópera realizada por japoneses. Nessa época, ela ganhou o apelido de “a bela ciclista”, pelo fato de ir para as aulas pedalando uma bicicleta vermelha, item considerado uma raridade naquele tempo.

Após a conclusão do ensino superior, ela se casou com um médico militar e prosseguiu no mundo da música como professora-assistente. No entanto, quando seu marido recebeu uma ordem de transferência de local de trabalho, Tamaki pediu o divórcio, optando por seguir o caminho da música vocal. Nessa ocasião, as críticas por ela recebidas por parte da sociedade da época foram tão severas, que chegaram a se referir a ela como uma péssima mulher, que jogou fora sua função de esposa de um valoroso militar do império, deixando-se levar pela paixão à música.

Mais tarde, Tamaki casou-se novamente, desta vez com Seitaro Miura, um médico que tinha profundo interesse pela arte. Em 1914, Tamaki Miura foi estudar na Alemanha e, no ano seguinte, fugindo dos bombardeios da guerra, foi para Londres, onde conseguiu a oportunidade de protagonizar a peça Madame Butterfly. Quando o convite surgiu, Tamaki adquiriu, imediatamente, um livro em italiano com as partituras da peça com 362 páginas em uma loja de produtos musicais. Ela memorizou dez páginas por dia, a fim de estar apta para apresentar-se dois meses depois.

Com o sucesso obtido na estréia, durante 20 anos, Tamaki Miura representou a peça. Ao todo, foram 2 mil apresentações no Ocidente, todas sempre muito elogiadas. Atuou por muitos anos na Itália, mas retornou ao Japão em 1935. Trabalhou em prol da execução de peças no país e na formação de sucessores. Porém, com a proibição das montagens de ópera durante a guerra, teve muitas dificuldades. No ano seguinte após o fim da guerra, faleceu, vítima de um tumor no abdome.

Madame Butterfly

Obra original de J.L.Long, Madame Butterfly foi lançada em 1895. Seu enredo conta o amor e a tragédia ocorridos entre Ocho, filha de um samurai, e Pinkerton, oficial da marinha norte-americana, tendo como cenário Nagasaki. Os dois se amam, têm um filho, mas Pinkerton volta à América com a promessa de retornar ao arquipélago.

Ocho espera pacientemente por ele e, três anos mais tarde, Pinkerton retorna a Nagasaki, acompanhado de sua esposa Kate. Diante do choque, Ocho escolhe a morte, opção mais honrada para uma filha de samurai do que viver com a humilhação. Na adaga deixada como recordação seu pai, estava gravada a seguinte frase: “Se não for possível viver com honra, morra com honra.” No jardim do casarão de Glover, em Nagasaki, há uma estátua de Madame Butterfly e um entalho do compositor Pucchini.

Com base na obra original, Pucchini compôs a música, que foi apresentada pela primeira vez em Milão em 1904.

Na composição, melodias japonesas, como Echigo jishi, Sakura sakura e Kimigayo foram utilizadas com grande efeito. Dizem que Pucchini, cujo interesse pelo Japão, cenário onde se desenrola o enredo, era muito grande, teria, na época, obtido essas informações diretamente da embaixatriz japonesa na Itália.

*Japoneses Notáveis foi produzida pelas professoras Akiko Kurihara, Hiroko Nishizawa e Kurenai Nagahama, com tradução de Akiko Kurihara e Arísia Noguchi.

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