História
da escrita japonesa 1
A introdução do ideograma chinês
(Por Erika Horigoshi)
Para
aprender a língua japonesa, é importante
entender que esse idioma é composto por três
tipos de grafia: o kanji, que são os ideogramas,
o hiragana e o katakana, dois sistemas de fonogramas de
apoio. Tanto o hiragana quanto o katakana são o
resultado de um processo de evolução e adaptação
da escrita ideográfica chinesa ocorrido ao longo
de séculos.
Datas
Não se sabe ao certo quando os ideogramas chineses
passaram a ser usados em território japonês,
mas pesquisas arqueológicas e referências
em textos chineses mostram que o contato do Japão
com a China data dos primórdios da chamada Era
Cristã, quando os japoneses ainda não possuíam
um sistema próprio de escrita.
No
Japão, o registro mais antigo de escrita ideográfica
é atribuído a uma inscrição
numa moeda cunhada na China durante o império Wang
Mang, encontrada em um túmulo da Era Yayoi.
Inscrições
em espadas, espelhos de bronze, sinetes e objetos decorativos
compõem o que se acredita ser a primeira transmissão
expressiva dos ideogramas chineses ao Japão. Os
arqueólogos consideram prova disso os 115 ideogramas
grafados em espadas em 471, encontradas em escavações
realizadas em Inari, na província de Saitama, além
de cerca de 50 ideogramas grafados num espelho de bronze
de 503, encontrado no Santuário Sumida Hachiman,
província de Wakayama. Vale lembrar que, nessa
fase inicial de contato entre as culturas, os toraijin
chineses e coreanos radicados no Japão
ofereceram uma grande contribuição para
a difusão dos ideogramas no país.
Aplicação
dos ideogramas
Ainda há muito a desvendar sobre os primeiros usos
concretos dos ideogramas no Japão. Um exemplo disso
são as tabuletas de madeira (mokkan) contendo formas
rudimentares de produção escrita que começaram
a ser encontradas em escavações arqueológicas
somente no século XX. A primeira dessas tabuletas
foi encontrada em 1928, na província de Mie. Porém,
entre os anos de 1961 e 1973, foram descobertos mais de
20 mil exemplares nas ruínas do Palácio
Heijô, na província de Nara.
De
acordo com as pesquisas, o uso dessas tabuletas iniciou-se
por volta da segunda metade do século VII para
grafar informações oficiais, tais como ordens
imperiais, registros administrativos, nomes de produtos
agrícolas e até mesmo para praticar a caligrafia.
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