Kyoko
Suzuki
História
verídica de mãe japonesa inspirou filme
exibido na última Mostra Internacional de Cinema
em São Paulo
A
força de vontade de uma mãe que perdeu o
filho vítima de acidente de trânsito conseguiu
mudar uma lei no Japão. Rei, 19, filho da artista
Kyoko Suzuki, foi atropelado por um carro com condutor
bêbado, sem carteira de motorista, sem seguro e
com velocidade acima da permitida. Mesmo ficando clara
a culpa do condutor pelo acidente, pela lei da época,
a pena máxima dada para ele era de cinco anos de
prisão. Foi essa sensação de impunidade
que impulsionou a luta de Kyoko Suzuki para a mudança
da lei.
Enquanto
reunia assinaturas pedindo punição severa
para esse tipo de infração, Kyoko realizou
a Exposição as Mensagens da Vida. Após
os dois anos e mais de 370 mil assinaturas, em 2002, o
governo criou uma lei de trânsito com punição
rigorosa a condutores negligentes.
Neste
ano, a vida de Suzuki virou filme por iniciativa do diretor
Toshi Shioya. Ventos do Zero foi exibido na 31ª Mostra
Internacional de Cinema, realizada de 19 de outubro a
1º de novembro em São Paulo. Suzuki e Shioya
estiveram no Brasil e aceitaram dar entrevista para a
equipe Zashi contando como foi essa experiência.
Zashi
- Como foi o acidente do seu filho?
Kyoko - Meu filho Rei estava andando com um amigo
na calçada, à noite, voltando de uma reunião
da faculdade. Era por volta de 1 hora de madrugada quando
um carro com velocidade acima da permitida e com motorista
bêbado os atingiu. O motorista estava sem carteira
de habilitação. Além disso, quando
causou acidente, ele estava fugindo de uma fiscalização
da polícia. Quando recebi a notícia, eu
ainda não achava que meu filho havia morrido. Por
isso, até levei as coisas de meu filho ao delegado.
Quando encontrei Rei morto, fiquei desolada e não
conseguia parar de tremer.
Zashi
- Quando você ficou sabendo que o motorista seria
penalizado?
Kyoko - O pai de um amigo de meu filho é especialista
na área de auxílio a vítimas de acidentes.
Ele me apresentou uma associação de apoio
para as vítimas. Até então, eu era
leiga no assunto, por isso pensava que o culpado ficaria
na prisão por um longo tempo. Mas isso não
era verdade. Pela lei da época, o culpado só
pegava no máximo cinco anos de prisão.
Zashi
- Porque você começou o abaixo-assinado?
Kyoko - Superei a tristeza da perda do meu filho com
essa iniciativa. Na época, eu estava com muita
raiva do sistema jurídico. Minha raiva superou
a minha tristeza. Já na primeira audiência,
com apoio dos meus amigos, divulguei as folhas pedindo
a mudança da lei. E também realizei uma
exposição memorial para o meu filho. Na
ocasião, ela contou com a presença da mídia
e saiu nos jornais e nas TVs. Desde então, eu conheci
outras famílias e outros colaboradores.
Zashi
- Como se sentiu quando recebeu o pedido para a realização
do filme com sua história?
Kyoko - Tive esperanças de que meu filho renascesse
nessa produção.
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