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Arquivo NippoBrasil - Edição 206 - 14 a 20 de maio de 2003
 
O guetá encantado
 

Adaptação livre de Claudio Seto
(Texto e desenhos: Claudio Seto)

 

Há muitos e muitos anos havia numa aldeia um menino chamado Shinta que vivia com sua mãe viúva. Eram pobres pois não tinham o pai para sustentar. Apesar das dificuldades ele era um garoto alegre e malabarista. Gostava de ficar de ponta cabeça, plantando bananeira, e vendo o mundo às avessas.

Certa ocasião sua mãe ficou doente e muito abatida. Pediu ao menino que fosse até a casa do tio Gonzo pedir dinheiro emprestado, pois o pouco de arroz que tinham havia terminado.

Seu tio Gonzo era uma pessoa mesquinha. Apesar de ter bastante dinheiro guardado era avarento demais para emprestar a quem quer que fosse. Então recusou de pronto o pedido de empréstimo do sobrinho. O menino saiu chateado e preocupado com a mãe doente que ficaria mais abatida ainda ao saber da recusa do tio. Então para esquecer tantas dificuldades, plantou bananeira e foi descendo a ladeira andando com as mão aos invés dos pés. Era um modo tentar entender esse mundo de tantas diferenças sociais.

Nisso apareceu em sua frente Zenchi no Mikoto, o deus da Graça Divina, flutuando meio metro acima do solo, com sua comprida barba branca.
-Ei garoto. Você é o melhor plantador de bananeira que JÁ encontrei. Merece um prêmio.

Assim dizendo a divindade celeste ofereceu um par de guetá (tamanco japonês) velho. O menino pensando que se tratava de uma raposa praticando ilusionismo para enganá-lo recusou a oferta alegando que o guetá estava muito surrado..
-Ora, garoto, isso não é um guetá comum, trata-se de um guetá mágico que o Mago Shamon, me pediu para entregar a uma pessoa necessitada que tenha bom coração.

-Nossa, um guetá encantado?!
-É isso aí. Se você calçar esse guetá e tropeçar, vai surgir uma moeda de ouro. E cada vez que esse gesto se repetir vão aparecer moedas de ouro. Mas preste atenção, na natureza nada acontece por acaso, portanto cada vez que a pessoa que tiver calçado o guetá mágico cair, vai encolher um pedaço do corpo, equivalente ao tamanho da moeda. Então se cair demais, vai ficar tão pequeno e não conseguirá retornar mais ao seu tamanho normal. Assim dizendo o deus Zenchi foi se tornando transparente e desapareceu diante o olhar atônito do menino.

O garoto não acreditou muito na história, porém calçou o guetá , já que estava descalço. Assim foi embora para sua casa. Chegando lá contou para a mãe que o tio não quis emprestar o dinheiro. Sua mãe confessou que não esperava que o avarento emprestasse alguma coisa.

-Filho, que guetá é esse que está calçado? Onde conseguiu?
Quando o menino ia tirar o calçado dos pés para mostrar e explicar o que aconteceu, desequilibrou e caiu no chão. Nesse momento, como por encanto, uma moeda de ouro surgiu perto do seu pé.

-Nossa! Ele disse a verdade, esse guetá é realmente mágico. Gritou Shinta todo entusiasmado. A alegria era tanta que ele deu um salto no ar e caiu outra vez. Quando tentou levantar, desequilibrou e caiu de novo. A cada tombo a moedas de ouro apareciam tilintando. Quando finalmente conseguiu ficar de pé, tinha cinco moedas de ouro.

-Veja mãe é graça recebida do deus Zenchi no Mikoto. Com isso podemos comprar comida e remédio para senhora!

Assim o menino guardou o par de guetá no santuário caseiro e saiu para fazer compras. Encheu as despensas, comprou remédio para a mãe e mandou preparar muito moti (bolinho de arroz glutinoso) para distribuir aos vizinhos.

A notícia de que o garoto Shinta tinha ganhado um guetá mágico se espalhou por toda aldeia e chegou ao conhecimento do avarento tio. Este sem perder tempo foi para casa do sobrinho atrás do guetá. Entrou sem cerimônia na casa e saiu revirando tudo até encontrar aquele objeto encantado.

-Há, então é esse par de guetá que produz moedas de ouro! Vou levar emprestado.
-Tio esse guetá não pode ser muito usado. Existe um limite, se não respeitar é perigoso.

Sem dar ouvidos ao aviso do sobrinho o homem ganancioso levou o guetá mágico para sua casa. Tratou de calçar o guetá e a cair seguidamente tropeçando sem parar. As moedas de ouro tilintavam caindo uma sobre as outras. Quanto mais apareciam moedas aparecia o homem caia feito um doido e gargalhava de alegria. Assim o chão da casa foi ficando forrado de moedas de ouro.

Preocupado com o que poderia acontecer com seu guetá, o menino foi para a casa do tio. Chamou pelo tio mas como ninguém respondeu resolveu entrar. A casa parecia deserta. Realmente não havia ninguém. Quando chegou na sala levou um susto. O assoalho estava repleto de moedas de ouro. Mexendo nas moedas encontrou o par de guetá, mas nada do seu tio.

O garoto apanhou seus guetás e resolveu ir embora. Quando estava saindo viu um inseto estranho sobre uma moeda, era tão pequeno quanto uma formiga. Pensou em verificar que tipo de inseto era aquele, mas ouviu a voz de sua mãe lhe chamando e foi de encontro dela.

-Oh! Mamãe você está de pé!, Está de bom aspecto, que alegria!
-Graças aos remédios que você comprou para mim, meu filho!
Mãe e filho caminharam felizes de volta a casa.

Conta a lenda que o tio Gonzo caiu tanto que foi diminuindo até tornar-se do tamanho de um pequeno inseto. Dizem que esse inseto tem a cara do tio Gonzo, por isso ainda hoje no Japão, existe um inseto chamado o Gonzo Mushi.

Fim!

 
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