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Arquivo NippoBrasil - Edição 129 - 7 a 20 de novembro de 2001
 
Shitakiri Suzume - Parte 1

Adaptação livre de Claudio Seto
(Texto e desenhos: Claudio Seto)

 

Antigamente, numa certa aldeia, vivia um casal idoso cujo velhinho era muito bondoso e trabalhador, porém sua mulher tinha fama de mesquinha. Toda manhã, bem cedo, ele ia à mata catar galhos secos e cortava em pedacinhos para fazer lenha. Certa ocasião, quando fazia esse serviço, ouviu a voz fina de uma ave que parecia pedir socorro. Olhando bem entre os galhos das árvores, descobriu que havia um corvo malvado judiando de um pequeno pardal. O corvo perseguia e dava fortes bicadas na asa e na cabeça do pardalzinho sem dó nem piedade.

- Xô bicho nojento, pare com isso! - gritou o velhinho atirando uma pedra no corvo.
O malvado foi embora voando bem alto, mas o filhote de pardal, cansado que estava, e com a asa quebrada, ficou no chão desmaiado. O bom velhinho apanhou o pardalzinho na palma da mão e levou-o para sua casa. Lá chegando, encontrou a velha comendo batata doce cozida e tomando chá de ervas.

- Puxa, chegou cedo hoje, ojiissan!
- Pois é, obaassan, este pardalzinho sofreu ferimentos causados pelo bico de um corvo e está precisando de tratamento.
- Ora, pensei que meu velho fosse preparar um passarinho assado no espeto para eu comer - resmungou a velha.

O velhinho passou remédio na asinha do pardal com todo carinho. Com o passar dos dias, a ave foi melhorando e o velho tratava o bichinho como se fosse seu filho.
Certa ocasião, enquanto cortava lenha, foi surpreendido por um temporal e se refugiou num tronco de uma velha árvore oca. A chuva não parava e o velhinho não conseguia voltar para casa.
- Que azar, queria voltar logo para casa, pois o pardal deve estar com fome...

Mas o tempo foi passando e nada da chuva passar. Enquanto isso, em casa, o pardalzinho que estava com muita fome começou a lamber a goma de farinha que a velhinha havia preparado, para engomar as roupas. Como estava gostosa, foi lambendo, lambendo até diminuir bom tanto da cola na tigela.

Nisso, a velhinha chegou para consertar a porta corrediça de papel e notou que a goma havia diminuído consideravelmente. Como viu o pardal perto da tigela, tratou de agarrá-lo.
- Seu pardalzinho mal-agradecido. Lambeu toda goma que preparei. Vou dar um jeito para que você nunca mais possa lamber nada. Dizendo isso, a velha malvada cortou a língua do pardalzinho com uma tesoura afiada.

- Aiiiiii, que dor! - gritava o filhote de pardal que a velha jogou para fora da casa.
- Nunca mais apareça por aqui - disse a velha trancando a porta.
O pardal, chorando, foi se afastando da casa dos velhinhos aos pulos, pois a asa ainda não estava completamente curada.

A chuva passou na montanha e o bom velhinho deixou o tronco oco da árvore. Preocupado com o pardalzinho que deveria estar com muita fome, o bom velhinho encheu uma cestinha com morangos silvestres e voltou para casa.

- Estou de volta! Me atrasei por causa da chuva na montanha. Pardal, você deve estar com fome, venha comer o que eu trouxe. Apareça, onde está você? – dizia o velhinho com a cestinha nas mãos. O velho chamou, chamou, mas a ave não apareceu.
- Hei velho, não adianta ficar chamando que o pardal não vai aparecer. Aquele pestinha comeu toda a goma que preparei para engomar as roupas, por isso cortei-lhe a língua e o expulsei de casa.

- O quê?! Cortou a língua do coitado? Por que fez coisa tão cruel? O bom velhinho, lamentando ter voltado tarde para casa, verteu lágrimas com dó do pardalzinho.
- Preciso achar o pardal e cuidar do ferimento da língua dele, senão vai acabar morrendo – pensou o velhinho, e saiu correndo de casa gritando:

- Pardal! Onde está você? O velhinho saiu procurando por toda parte.
Depois de andar um bom tanto, chegou perto de um rio. Naquele local estava um lavador de cavalos, uma profissão que existia na época. Ojiissan logo perguntou se ele não viu o pardalzinho por lá. O lavador de cavalos apontou várias tinas com água suja que banhou o cavalo e disse:

- Se você beber sete tinas dessa água eu digo onde ele está.
O velhinho pegou as tinas, uma por uma, e foi bebendo toda a água suja. Foi um grande sacrifício, porém para achar o pardal ferido e salvá-lo valia qualquer sofrimento.

- Conseguiu beber tudo? Então vou te dar uma dica. O pardalzinho de língua cortada passou por aqui e foi em direção daquele morro. Dali para frente, pergunte ao lavador de boi.
Depois de atravessar o morro, o velhinho chegou perto de outro rio onde um homem estava lavando um boi, conforme havia dito o lavador de cavalos.

Perguntando sobre um pardalzinho de língua cortada, o lavador de boi respondeu:
- Se você beber sete baldes desta água que lavei o boi, eu digo onde foi o pardal.

Sem escolha, o velho bebeu com grande sacrifício a água suja que foi lavado o boi.
- Você agüentou com coragem, por isso vou lhe contar. O pardal de língua cortada está naquele bambuzal ali adiante. Lá é a hospedaria dos pássaros. Ele deve estar morando lá.

O velhinho ficou muito contente e saiu cantando
“ Suzume, suzume no oyado wa doko dya” (Pardal, pardalzinho onde é sua pousada?)

Continua...

 
Adaptação livre de Claudio Seto
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