(Fonte:
Agência Brasil)
Os
brasileiros já podem saber a quantidade de vitamina K
contida em 22 hortaliças produzidas no país. Antes,
profissionais de saúde utilizavam a tabela nutricional
americana. Um estudo da Faculdade de Ciências Farmacêuticas
da Universidade de São Paulo (USP) mostra que os números
dos Estados Unidos têm diferenças significativas
dos valores encontrados na produção brasileira,
seja para mais ou para menos.
A
quantidade da vitamina na acelga brasileira (150,12 microgramas
(µg) por 100 gramas), por exemplo, chega a ser cinco vezes
menor do que a encontrada na hortaliça produzida nos
Estados Unidos, que tem cerca de 830 µg/100g. A diferença
ocorre em razão do tipo de solo do cultivo, da quantidade
de luz recebida, dos dados pluviométricos e das estações
do ano.
"A
importância [de mensurar os alimentos brasileiros] é
fazer com que a prescrição de uma dieta rica em
vitamina K no Brasil seja feita da forma mais precisa possível",
explica a química Simone Aparecida dos Santos Conceição
Faria, autora da tese de doutorado. As amostras para o estudo
foram coletadas na Companhia de Entrepostos e Armazéns
Gerais de São Paulo (Ceagesp) entre os dez maiores atacadistas
que têm certificação.
As
hortaliças de cor verde foram selecionadas para o estudo,
por serem as maiores fontes da vitamina. Apenas a alface crespa
mostrou valores nutricionais similares entre a produção
norte-americana e a brasileira, com taxa de 127,84 µg/100g.
"Todas as outras hortaliças tiveram valores diferentes.
A tabela utilizada não condiz com a nossa realidade",
avaliou Simone. Após publicação em revista
científica, os dados do estudo irão compor a Tabela
Brasileira de Composição de Alimentos da USP.
Tiveram
taxas levemente superiores no Brasil, hortaliças como
a alface americana (127,84µg/100g ante 102,3µg/100g
na tabela americana) e a rúcula (127,84µg/100g
ante 108,6µg/100g). No caso do repolho verde (352,79 µg/100g
ante 76,00 µg/100g) e do brócolis comum (368,97
µg/100g ante 101,6 µg/100g), as diferenças
chegaram a ser três e quatro vezes maiores, respectivamente.
No
sentido contrário, a salsa descrita na tabela norte-americana
tem 1640 µg/100g, enquanto a brasileira apresentou cerca
de 500 µg/100g. O espinafre também apresentou uma
concentração de vitamina K menor na amostra colhida
no Brasil: 375,01 µg/100g ante 482,90 µg/100g.
A
pesquisadora destacou que a vitamina tem papel importante para
regular a coagulação sanguínea e que estudos
recentes apontam a atuação dela também
na prevenção da osteoporose. Além disso,
o estudo favorece uma prescrição mais criteriosa
de uma dieta para idosos que fazem uso de antibióticos
e anti-inflamatórios para tratamento de trombose ou embolia
pulmonar, pois a vitamina K tem efeito inibidor desses medicamentos.
Um
trabalho anterior da nutricionista Wysllenny Nascimento de Souza
revela uma ingestão diária deficiente de vitamina
K entre os brasileiros. A recomendação é
de 90 µg/dia para mulheres de 120 µg/dia para homens.
As taxas médias de consumo encontradas, no entanto, foram
88 µg/dia para jovens, 98 µg/dia para adultos e
104 µg/dia para pessoas com mais de 60 anos.
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