Produtores
aprendem a trabalhar a terra de maneira sustentável, praticando
a agricultura sem uso de defensivos: já são cultivadas,
mensalmente, pelo menos, 1.000 hortaliças
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(Redação
NB/fonte: Revista Izunome / Foto: Fundação Mokiti Okada/cedida)
As pequenas
áreas públicas que se espalham por vários pontos
de São Paulo estão ganhando uma nova utilidade que beneficia
a população carente ao redor. Esta experiência está
sendo desenvolvida em Osasco, na Grande São Paulo, pelo Centro
de Pesquisa Mokiti Okada (CPMO), em parceria com a prefeitura local. A
iniciativa, denominada Programa Agricultura Urbana, consiste na formação
de hortas sem uso de agrotóxicos, utilizando técnicas da
agricultura natural para produção, beneficiamento e comercialização
de produtos orgânicos.
Realizado na
faixa sob a linha de transmissão de energia elétrica da
empresa AES Eletropaulo, o programa recuperou uma área inutilizada,
transformando-a num local produtivo, em que agricultores urbanos cultivam
mensalmente 1.000 hortaliças. O programa promove o desenvolvimento
sustentável em seis bairros de Osasco. Em um deles, Vila Canaã,
a horta já está implantada. Nove agricultores e produtores
urbanos estão obtendo renda com as hortaliças produzidas,
segundo a responsável pela agricultura urbana na Prefeitura de
Osasco, Selma de Freitas Rocha.
Primeiramente,
é feita a colheita para consumo das famílias que ali trabalham,
visando a segurança alimentar dos integrantes dos grupos. Só
o excedente é vendido. Esta comercialização é
realizada por meio da venda direta dos produtos na própria horta
e no ônibus Feira Móvel Solidária (ônibus adaptado
para que, em seu interior, funcione uma espécie de banca de feira,
porém móvel). Nos bairros Padroeira, Rochdale e Parque Mazzei,
o programa de Agricultura Urbana está em processo de implantação,
explica Selma.
O grupo de
produtos arrecada cerca de R$ 800 por mês, divididos entre os agricultores.
A renda é pequena, mas tem garantido o sustento de muitas famílias.
Um exemplo disso é o produtor rural Genivaldo Silva Xavier, que
obtém, na horta orgânica, R$ 110 por mês, quantia usada
para complementar a renda da família.
A terra
é vida. Dela tiramos o sustento e dependemos do que ela nos dá.
Se eu tiver de trabalhar em outro lugar, não vou! Prefiro trabalhar
com agricultura e não troco isso por nada, garante Xavier.
Além
de cooperar com a renda mensal e com o consumo de alimentos saudáveis,
o Programa de Agricultura Urbana tem lhe ensinado muito, segundo a agricultora
Zilda Gomes. Aprendemos a diversificar o cultivo, porque, antes,
só plantávamos couve e, hoje, produzimos também alface,
salsinha, coentro e outras hortaliças.
Para cuidar
melhor da manutenção e do cultivo das hortaliças
produzidas, os pequenos agricultores trabalham até quatro vezes
por semana nas hortas. O Centro de Pesquisa Mokiti Okada faz acompanhamento
técnico do projeto semanalmente e propicia aos produtores uma capacitação
mais qualificada. De acordo com o assistente técnico do setor de
Consultoria Técnica do Centro de Pesquisa, Leandro Amado, os ensinamentos
são os mais variados, desde o cultivo até as técnicas
de manejo da agricultura natural. Ensinamos todo o processo de produção
e não utilizamos nesta área nenhum tipo de adubo nem defensivos
químicos, apenas recursos vegetais e biológicos, explica
ele.
O Centro de
Pesquisa fornece ainda capacitação teórica e prática
para as famílias participantes do projeto, incluindo técnicas
de agricultura natural, segurança alimentar, entre outros assuntos.
Ele também incentiva a introdução de hábitos
alimentares saudáveis, promovendo a educação ambiental
dos agricultores e estimulando a produção de gêneros
alimentícios em hortas urbanas, o que possibilita a inclusão
social e a geração de renda.
A Prefeitura
de Osasco fornece sementes, insumos, água para irrigação
da horta, ferramentas e um pequeno galpão para guardar o material,
além de procurar aumentar a população beneficiária
do projeto. A meta é atingir 450 pessoas e 110 famílias
beneficiadas.
As prefeituras
interessadas em receber o projeto podem entrar em contato com a Fundação
Mokiti Okada, tel. (11) 5087-5004.
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