Para
aplicação da técnica, é necessário
combinar tipos de planta, época de colheita e terra para
cultivo
|
(Reportagem:
Susy Murakami / Foto: Divulgação)
Produtores
nikkeis ligados à Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu
(Camta), no Pará, que buscaram alternativas desde o fim da monocultura
da pimenta, nos anos 1970, hoje acumulam experiência na adoção
do Sistema Agroflorestal (SAF) e influenciam outros produtores. A aplicação
do SAF consiste em integrar a preservação ou a recuperação
da mata nativa com as culturas agrícolas ou a criação
de animais ou pastagens. No Pará, o sistema escolhido foi a mistura
de árvores da região com a agricultura.
Os antigos
produtores de pimenta-do-reino passaram a cultivar espécies frutíferas
perenes, como cupuaçu, açaí e cacau, que encabeçam
a lista dos mais rentáveis por meio dos SAFs na região.
As frutíferas são consorciadas entre si, ou com plantações
como a de pimenta-do-reino, milho, banana e espécies típicas
da região, como o taperabá. As combinações
são muitas, mas não podem ser aleatórias, sob risco
de afetar a produtividade. O conhecimento é essencial para
não integrar cultivos que concorram entre si, afirma Getúlio
Sasaki, diretor da Camta. Ele explica que as espécies devem ser
combinadas de acordo com a época da colheita, características
da planta e o tipo da terra onde será feito o cultivo.
Pequenos agricultores
da região adotaram o sistema depois do sucesso da experiência
dos nikkeis paraenses. Alfredo Kingo Oyama Homma, pesquisador da Embrapa
Amazônia Oriental, em Belém, e autor de estudos sobre a agricultura
em Tomé-Açu, explica: O objetivo era aproveitar áreas
antes, durante e depois do plantio da pimenta-do-reino. Outras razões
do sucesso são a verticalização da produção,
o nível de educação formal dos produtores e o gerenciamento
de propriedade. Ele ressalta que sucesso dos produtores nikkeis
se deve à organização dos cooperados e principalmente
à sua capacidade de percepção do mercado. Hoje a
Camta, além da própria produção, compra grande
parte das frutas colhidas pelos agricultores da região para processar
em sua fábrica. Elas são exportadas para o Japão,
onde são utilizadas para a fabricação de polpas,
sucos e até mesmo de sorvete.
Vantagens
Os Sistemas
Agroflorestais dão ao pequeno produtor possibilidade de extrair
recursos da terra sem destruí-la, ao ajudar a recuperar as florestas
degradadas ou manter as matas nativas.
O cultivo de
diferentes espécies ajuda a conservar o solo, já que elas
têm diferentes necessidades nutricionais, evitando a falta ou o
excesso de nutrientes. A presença de espé-cies nativas também
ajuda a recomposição da terra: As árvores depositam
material orgânico, com a queda de folhas e galhos no solo,
ressalta Joanne Regis da Costa, pesquisadora da Embrapa Amazônia
Ocidental, de Manaus.
|