Frango
natural, segundo Demattê, não recebe antibióticos
nem ração de origem animal
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(Reportagem:
Susy Murakami | Foto: Divulgação)
O consumo de
frango é cada vez maior no Brasil. Dados disponibilizados pela
Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos
(Abef) mostram que, em 1989, cada brasileiro consumia 12,73 kg da carne
por ano. Em 2006, já eram 35,68 kg. A variedade de aves disponíveis
nos supermercados também cresceu.
Pesquisador
do Departamento de Genética da Escola Superior de Agricultura Luiz
de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq-USP) em Ipeúna,
interior de São Paulo, o professor Vicente José Maria Savino
enumera alguns tipos de aves que são produzidas hoje no País,
além da tradicional: caipira, natural, orgânico e frango
paulista (que é um caipira parcialmente industrializado).
O custo da
produção dessas aves é mais alto do que o das convencionais
e é necessário seguir exigências previstas em lei.
Mas a alta na procura por alimentos saudáveis por parte dos consumidores
traz boas perspectivas para o setor. Acredito que vale a pena [investir
na produção de frango alternativo], porque o valor agregado
é grande, declara Savino. A tendência de exportação
também tem crescido e o Brasil tem excelentes condições
para a produção, como clima e espaço. Mas,
antes de investir nesse nicho, é preciso estudar o mercado, conforme
alerta o pesquisador.
Frango
natural
A Korin, empresa
seguidora dos princípios da agricultura natural, iniciou a produção
desse tipo de frango em 96. É a primeira empresa no Brasil
e no mundo nesse sistema a oferecer esse produto, afirma Luís
Carlos Demattê, gerente industrial da empresa.
O frango natural,
que também era chamado de frango verde, segue uma lista de cuidados.
Ele não recebe antibióticos e uma série de
substâncias tradicionalmente utilizadas, nem ração
de origem animal, explica Demattê.
Por mês,
são produzidas 250 toneladas. Os problemas de saúde,
as doenças em animais, como a gripe do frango, fizeram com que
as pessoas despertassem para essa questão alimentar, declara
Demattê.
A produção
é feita por um sistema de integração composto por
19 produtores sob supervisão técnica e administrativa da
Korin. A ração e o pinto também são fornecidos
pela empresa. Entre os cuidados, está o de contratar produtores
em um raio de 50 km da empresa, para evitar o sofrimento da ave na hora
do transporte e diminuir custos.
Frango
orgânico
As normas para
produção do frango orgânico são bastante exigentes.
Para ser certificado, o produtor tem que estar dentro da Lei 10.831, vinculada
ao Ministério da Agricultura. O frango orgânico é
criado mais livremente e se alimenta apenas de alimentos desse tipo.
No Brasil,
existem cerca de 30 certificadoras. Verificamos todo o processo,
desse a chegada do pinto até o abate da ave, explica Douglas
Harada, da certificadora Mokiti Okada. Segundo ele, o mercado para esse
tipo de ave tem crescido, mas poderia ser maior, se não fosse o
preço final do produto. Em Brasília, por exemplo, o quilo
pode chegar a custar R$ 20.
Frango caipira
A produção
do frango caipira é mais viável para o pequeno produtor.
Ainda assim, o custo é superior ao do convencional. O frango
caipira é abatido depois de 80 a 100 dias; o convencional, com
40 dias. Por isso, exige mais alimentação, armazenagem e
isso encarece em cerca de 80% o custo da produção,
diz Savino.
A Embrapa Suínos e Aves realiza pequisas para o melhoramento genético
e do sistema de produção do frango caipira ou colonial.
Para viabilizar a comercialização, é necessário
tomar medidas específicas, como cuidados sanitários, com
alimentação, manejo e instalações. A produção
torna-se mais viável se for feita em associação com
vários avicultores, segundo Élsio Figueiredo, pesquisador
da Embrapa.
Figueiredo, junto com outros pesquisadores, publicou informações
detalhadas sobre processo de produção, mercado, custos e
rentabilidade, que podem ser encontradas no site www.cnpsa.embrapa.br
no link sistema de produção.
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