Exposição
internacional "TOHOKU - através do olhar dos fotógrafos
japoneses" chega ao Brasil este mês para percorrer quatro
capitais. A estreia, promovida pela Fundação Japão
e Centro Cultural São Paulo (CCSP), acontece em São
Paulo, entre os dias 26 de maio e 12 de julho no CCSP.
Serão
expostas 123 fotografias de Tohoku, a região noroeste do
arquipélago japonês, que é dividida em seis
províncias: Aomori, Iwate, Akita, Yamagata, Miyagi e Fukushima.
Participam da
mostra registros de fotógrafos como Teisuke Chiba e Ichiro
Kojima, com fotografias de Tohoku das décadas de 1950 e 1960;
Hideo Haga, Masatoshi Naito e Masaru Tatsuki, com festivais e rituais
da religiosidade popular de toda a região; Hiroshi Oshima
e Naoya Hatakeyama, que combinaram suas histórias pessoais
com as paisagens de suas regiões natais; Meiki Lin, que direcionou
sua câmera para o belo ambiente natural; Nao Tsuda, em busca
da fonte do espírito japonês em relíquias e
artefatos do período Jomon, desenvolvidas por alguns dos
primeiros povos a habitar o Japão; além de um grupo
de fotógrafos liderado por Toru Ito, que criou a Sendai Collection,
uma série de fotografias de cenas anônimas em Sendai,
província de Miyagi.
Após
o término da exposição em São Paulo,
"TOHOKU - através do olhar dos fotógrafos japoneses"
segue para Curitiba, Manaus e Recife, encerrando sua temporada no
Brasil. Sua parada a seguir será os Estados Unidos.
Tohoku
A região
de Tohoku foi atingida, em 11 de março de 2011, pelo Grande
Terremoto do Leste do Japão, com magnitude 9. O terremoto
e o tsunami que o sucedeu, de mais de dez metros de altura, causaram
danos terríveis, deixando cerca de 20 mil mortos e desaparecidos.
Logo em seguida, um acidente nuclear sem precedentes no Reator da
Usina Nuclear de Fukushima foi noticiado por todo o mundo, colocando
a região de Tohoku e suas províncias, como Aomori,
Iwate, Miyagi e Fukushima, em evidência em todo o mundo.
Muito além
destas catástrofes, a região conta com imensa bagagem
histórica e cultural. Esta exposição tem por
objetivo preencher essa lacuna por meio do trabalho dos fotógrafos.
Com clima bastante
frio, Tohoku é favorecida por recursos naturais maravilhosos
e abundantes, agricultura, pesca e extração madeireira
prósperas, três parques nacionais e dois sítios
registrados como Patrimônio Mundial da UNESCO.
Há também
o importante registro da herança da cultura Jomon, formadora
do povo japonês remanescente em Tohoku.
Os
fotógrafos
Kotaro Iizawa
(curador da exposição)
Crítico
fotográfico, nascido na província de Miyagi, em 1954,
recebeu PhD em arte pela Universidade de Tsukuba, em 1984. Trabalhou
como editor da revista de fotografia déjà-vu,de 1990
a 1994. Seus principais livros incluem Shashin bijutsukan e yokoso
(Bem-vindos ao Museu da Fotografia) (Kodansha, 1996), Sengo shashinshi
noto (Notas sobre a História da Fotografia no Pós-guerra)
(Iwanami Shinsho, 2008), Shashinteki shiko (Pensamento Fotográfico)
(Kawade Shobo Shinsha, 2009), e Afutamasu shinsaigo no shashin (Fotografias
Após o Terremoto) (NTT Publishing, 2011).
Teisuke Chiba
(fotógrafo)
Nascido em Kakunodate,
província de Akita, em 1917, passou toda a vida em Yokote,
província de Akita. Autodidata em fotografia enquanto trabalhava
como comerciante de quimonos, logo após a Segunda Grande
Guerra Mundial começou a receber prêmios nas seções
mensais de revistas de câmeras dedicadas ao trabalho dos leitores.
Apesar de seu status de amador, se tornou figura central na fotografia
de Akita. Muitas de suas fotos refletem seu afeto por Akita, registrando
os costumes e estilo de vida dos fazendeiros locais nessa região
conhecida por neves fortes. O movimento de realismo fotográfico
do pós-guerra, liderado por Ken Domon e Ihei Kimura, teve
um grande impacto sobre Chiba e outros fotógrafos em Akita.
Associações de fotógrafos ambiciosas foram
constituídas, como o Grupo de Fotógrafos de Akita
(fundado em 1952, com o nome alterado para Grupo Akita em 1954),
cujas imagens combinavam humanismo com uma apresentação
direta da realidade. As fotografias documentais de Chiba das vilas
rurais nas décadas de 1950 e 1960 foram das mais originais
e brilhantes produzidas por esse grupo. Chiba morreu em 1965, aos
48 anos de idade. Amigos e colegas providenciaram uma exposição
póstuma de suas fotografias no Salão Fotográfico
Fuji, em 1966, e publicaram Teisuke Chiba isaku shu (Fotografias
Escolhidas do Falecido Teisuke Chiba).
Ichiro Kojima
(fotógrafo)
Nascido em Aomori,
em 1924, filho de um comerciante de brinquedos e suprimentos fotográficos,
formou-se pela Escola de Ensino Médio Comercial de Aomori
e foi alistado no serviço militar durante a Segunda Grande
Guerra Mundial. Após o período do pós-guerra,
começou a trabalhar como fotógrafo em 1954. Seus temas
fotográficos eram as paisagens típicas de Tohoku -
o quintal de uma casa de fazenda em Tsugaru ou uma estrada solitária
açoitada pelo vento invernal. Descoberto por Yonosuke Natori,
um fotógrafo jornalístico pioneiro, que admirou a
capacidade de Kojima de produzir imagens que transcendiam a vida
cotidiana com um extraordinário senso formal e técnica
de especialista. Sua primeira exposição individual
foi na Galeria de Fotos Konishiroku em Tóquio, em 1958. Em
1961, mudou-se para Tóquio com a ambição de
se tornar um fotógrafo profissional. Recebeu o Prêmio
de Novo Artista da Revista Camera Geijutsu em1961 pela foto Rough
Seas of Akita, publicada no mesmo ano. Kojima sentia grande empatia
pelas pessoas vivendo no rígido ambiente de Tohoku e produziu
fotos notavelmente intensas com o uso habilidoso de impressão
e reprodução com máscara. A carreira de Kojima
parecia promissora, mas caiu no ostracismo após se mudar
para Tóquio. Visitou Hokkaido em 1963, na esperança
de reviver seu trabalho, mas as condições difíceis
por lá prejudicaram sua saúde. Publicou nesse mesmo
ano o único livro contendo suas fotografias a ser lançado
ainda em vida, Tsugaru shi, bun, shashin shu (Tsugaru: Poesia, Prosa
e Fotografias). Morreu precocemente, aos 39 anos de idade, em 1964.
Hideo Haga
(fotógrafo)
Nascido em Dairen,
China, em 1921, foi influenciado pelo etnólogo Shinobu Orikuchii,
da Faculdade de Letras da Universidade Keio. Membro fundador da
Sociedade Japonesa de Fotógrafos Profissionais, iniciada
em 1950, fotografou festivais de artes cênicas tradicionais
no Japão e outros países. Tirou fotografias em todas
as partes do Japão e em 101 países estrangeiros. Atuou
como produtor do Festival Plaza na Exposição Mundial
de Osaka em 1970 e se envolveu em muitos outros eventos e atividades.
Suas principais publicações incluem Ta no kami (Deuses
dos Arrozais) (Heibonsha, 1959), Nihon no matsuri (Festivais do
Japão) (Hoikusha, 1991), e Nihon nominzoku jo.ge (O Povo
Japonês, dois tomos) (Cleo, 1997). Recebeu prêmios como
a Medalha de Prata de Honra da cidade de Viena, Áustria,
em 1988; a Medalha Fita Púrpura, em 1989, a Ordem do Sol
Nascente, Quarta Classe, em 1995 do governo japonês; e a Cruz
de Honra de Ciência e Arte da República da Áustria,
em 2009.
Masatoshi
Naito (fotógrafo)
Nascido em 1938,
em Tóquio, tornou-se fotógrafo freelancer após
se formar em ciências aplicadas pela Universidade Waseda e
trabalhar em uma empresa de fibras. Fotografou as múmias
de monges budistas que morreram jejuando para a salvação
de agricultores famintos em Dewa Sanzan, e começou a tirar
fotografias com foco na religiosidade popular e etnologia de Tohoku.
Recebeu o Prêmio Novo Artista da Associação
Japonesa de Críticos Fotográficos, em 1966. Participou
na "Nova Fotografia Japonesa" (Museu de Arte Moderna,
Nova Iorque), em 1974, e "Beyond Japan" (Centro de Arte
Barbican de Londres), em 1991. Realizou a exposição
individual "Fotografia e Folclore de Masatoshi Naito"
(Museu de Arte de Kichijoji), em 2009. Foi agraciado com o 2º
Prêmio Domon Ken por seu livro Dewa Sanzan e Shugen (Kosei
Publishing Co., 1982). Outros livros de fotografias incluem estudos
etnológicos, como Miira shinko no kenkyu (Estudo da Fé
das Múmias) (Daiwa Shobo, 1974) e Tohoku no sei to sen (Tohoku
Sagrado e Profano) (Housei University Press, 2007).
Hiroshi Oshima
(fotógrafo)
Nascido em Morioka,
província de Iwate, em 1944, atraiu a atenção
com a série Sanhei (1973-1977, Tanohata, Galeria Iwate/Ohashi,
Tóquio) com o tema de uma localidade em sua região
natal, na qual um levante campesino eclodiu no período Edo.
Recebeu o Prêmio da Sociedade de Fotografia por seu livro
de fotografias Koun no machi (La Ville de la Chance), em 1987. Recebeu
o 28o Prêmio Nobuo Ina pela exposição "Mil
Faces, Mil Países -- Etiópia," em 2003. Iniciou
o jornal de crítica fotográfica Shashin sochi (Aparelhos
Fotográficos) (Gendaishokan, 1980), atuando como editor.
Livros de fotografias e comentários incluem Koun no machi
(1987), Shashin genron (Teoria da Fotografia) (Shobunsha, 1989),
Ajê no Pari (Paris de Atget) (Misuzu Shobo, 1998), entre outros.
Editou o Biblioteca de Fotografia do Museu Metropolitano de Tóquio;
Comentário Registrado sobre Fotografia 1921-1965 (Tankosha,
1999), 101 Fotógrafos Mundiais (Shinshokan. 1997), entre
outros. Suas muitas exposições fotográficas
incluem "Mapa da Vila Tairajima''(PUT, Kagoshima, 1975-80)
e "dah-dah-sko-dah-dah Para Kenji Miyazawa" (Petit Musée,
Tokyo, 1996). Atua como membro do comitê consultivo do Museu
Memorial Goethe de Tóquio, professor na Escola de Pós-Graduação
em Belas Artes, Faculdade de Belas Artes da Universidade Kyusho
Sangyo e instrutor na Escola de Design Kuwasawa.
Meiki Lin
(fotógrafo)
Nascido em Yokosuka,
província de Kanagawa, em 1969, iniciou os estudos de fotografia
aos 18 anos de idade. Realizou exposições fotográficas
nos Salões Fuji Photo, em vários locais do Japão,
incluindo "Mt. Amakazari" (1998), uma famosa montanha
localizada entre as províncias de Niigata e Nagano, "À
Beira da Água" (2001), sobre a beleza da água
e das paisagens singulares associadas à água no Japão,
e "Momento na Floresta", 2004), sobre as florestas japonesas,
"Chikyu (hoshi) no tabibito" (Meditações
de Gaea: Novos Horizontes na Fotografia da Natureza), organizado
pelo Museu de Fotografia Metropolitano de Tóquio, em janeiro
de 2007. Publicou o livro de fotos Treasures of season (Nihon Shashin
Kikaku, fevereiro de 2011), explorando paisagens em todo o Japão
com uma câmera digital e apresentando a exposição
de mesmo título nas Galerias Canon. Membro do júri
de fotografia do East-West Art Ward 2011 em Londres, doou fotografias
para a Conferência de Parceria Global Índia-Japão
2011, em Tadami. Continua a tirar fotos que expressam o sentido
sutil da atmosfera e transparência de paisagens naturais.
Presidente da Meirin Co., Ltd., é instrutor na Club Tourism
International Inc. e gerente da escola de fotografia Kibo Photographers.
Masaru Tatsuki
(fotógrafo)
Nascido na província
de Toyama, em 1974, tornou-se fotógrafo freelancer e interessado
em caminhões artisticamente decorados em 1998. Passou 9 anos
fotografando caminhões de arte e motoristas, publicando as
fotos em DECOTORA (Little More, 2007). Realizou exibição
individual de "DECOTORA" na Little More Chika, em Tóquio,
e na Galeria TAI, em Santa Fé, Novo México, EUA (2008).
Tirou fotografias na região de Tohoku, de 2006 a 2011, e
as publicou em Tohoku (Little More, 2011), livro pelo qual recebeu
o 37o Prêmio Fotográfico em Memória de Ihei
Kimura, em 2012. Agora, concentrando em Tohoku como um tema de vida,
continua a visitar a região, conversar com o pessoal local
e tirar fotos, ao mesmo tempo em que demonstra respeito pela natureza.
Diversas fotos da série DECOTORA foram adquiridas por New
Mexico Arts, uma divisão do Departamento de Assuntos Culturais
do Novo México.
Sendai Collection
(grupo de fotógrafos)
Toru Ito,
Shiro Ouchi, Makoto Kotaki, Wataru Matsutani, Hidekazu Katakura,
Hisashi Saito, Ryuji Sasaki, Reiko Anbai
O Sendai Collection
é um grupo de fotógrafos que vive em Sendai, organizado
por Toru Ito. Seu objetivo é preservar vistas de paisagens
comuns na cidade que estão minando com o passar do tempo
e quase desaparecendo da memória. Eles começaram seu
projeto em 2001 com a meta de tirar 10 mil fotos documentárias
de paisagens existentes. Para produzir esses registros, definiram
regras, como eliminar de suas fotos a subjetividade e o artifício
e evitar o uso de efeitos das lentes, como desfocagem ou perspectiva.
Realizaram 15 exposições em Sendai e publicaram dois
volumes do livro Sendai Collection, vol. 1, em 2005, e vol. 2, em
2007.
Nao Tsuda
(fotógrafo)
Nascido em Kobe,
província de Hyogo, em 1976, concluiu um curso de bacharelado
e uma pós-graduação em fotografia na Universidade
de Artes de Osaka. Viajou pelo mundo tirando fotos das paisagens,
locais e pessoas com os quais se deparava, com seu "aparelho
fotográfico", o que pode ser descrito como tendo realizado
a tarefa de explorar "imagens que transcendem tempo e espaço"
e "a origem das imagens." Abordando a fotografia como
arte contemporânea, seu estilo de tratar em profundidade tanto
temas antigos quanto novos o faz parecer um verdadeiro buscador
das artes. A reputação de seus trabalhos tranquilos
cresce no Japão e no exterior, tendo realizado exposições
individuais em Nova Iorque, Paris e Frankfurt em anos recentes.
No Japão, "SMOKE LINE", apresentada na Galeria
Shiseido, em 2008, atraiu bastante publicidade. Em 2010, recebeu
o Prêmio de Novo Artista em Belas Artes do Ministério
da Educação. Suas publicações incluem
Kogi (Remando) (MONDE BOOKS, 2007), SMOKE LINE (AKAAKA, 2008), Chegando
Mais Perto (AKAAKA+hiromiyoshii, 2009), e Tempestade Ontem à
Noite (AKAAKA, 2010).
Naoya Hatakeyama
(fotógrafo)
Nascido em Rikuzentakata,
província de Iwate, em 1958, treinado por Kiyoji Otsuji,
na Escola de Arte e Design, Universidade de Tsukuba, concluiu estudos
de graduação na Universidade de Tsukuba, em 1984.
Começou a morar e trabalhar em Tóquio, produzindo
uma série de fotografias com foco no relacionamento entre
natureza, cidade e fotografias. Recebeu destaque por fotos em minas
de calcário, espaços arquitetônicos e canais
em Tóquio. Recebeu o 22º Prêmio de Fotografia
em Memória de Ihei Kimura e o 42º Prêmio de Arte
Mainichi, em 2001. Realizou muitas exposições individuais
e em grupo, tanto no Japão como no exterior. Foi escolhido
como representante do Japão na Bienal de Veneza de 2001.
Suas principais exposições individuais recentes incluem
"O Lápis do Desenhista", O Museu de Arte Moderna,
Kamakura, em 2007, e "Estórias Naturais," Museu
de Fotografia Metropolitano de Tóquio em 2011,Huis Marseille,
Museu da Fotografia, e o Museu de Arte Moderna de São Francisco,
em 2012.Os principais livros de fotografias incluem LIME WORK (Synergy
inc., 1996, amus arts press, 2002, Seigensha, 2007), Underground
(Media Factory inc., 2000), Naoya Hatakeyama (Hatje Cantz, 2002
), Ciel Tombé (SUPER LABO, 2011), and Terrils (Light Motiv,
2011). Fotografou a destruição em sua cidade natal
causada pelo Grande Terremoto do Leste do Japão, em 2011.
SERVIÇO:
"TOHOKU - através do olhar dos fotógrafos japoneses"
Local:
Centro Cultural São Paulo (CCSP) - Espaço Flavio de
Carvalho
Periodo da exposição: 26 de maio e 12 de julho
de 2017
Horário de funcionamento: De terça a sexta-feira,
das 10h às 20h, e sábados, domingos e feriados, das
10h às 18h
Endereço: Rua Vergueiro, 1000, São Paulo, SP
Telefone para informações: (11) 3397-4002
Entrada Gratuita
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