(Fonte:
IPCTV / Edson Xavier www.ipcdigital.com)
Um brasileiro
residente na província de Mie, Japão, adquiriu a cidadania
japonesa e se candidatou nas eleições para vereador
na cidade de Tsu. Aos 40 anos de idade, Tsuyoshi Ishikawa, o Roni,
vive com a mulher Cristina Furuya e duas filhas menores, em apartamento
alugado no bairro de Takachaya, em Tsu/Mie.
Faz apenas
dois anos que ele mora nesta província, dos quase 24 anos
que vive no Japão. Os pais de Roni e outros quatro irmãos
moram em Kanagawa.
Ele conta
para a IPCTV que em dezembro do ano passado decidiu disputar as
eleições em Tsu, concorrendo ao cargo de vereador.
Isso é possível porque ele tem a cidadania japonesa.
Roni fez a inscrição sem estar ligado a nenhum partido
político e foi aceito conforme garante a legislação
eleitoral.
Meu
sonho sempre foi ser político. Quando era criança,
eu sonhava ser o presidente do Brasil. Eu já tinha pesquisado
várias vezes como faria para me candidatar, porque sentia
esta necessidade para nossa comunidade, que está muito desamparada.
disse em Tsuyoshi Ishikawa, o Roni.
No próximo
domingo, dia 19/01, a Justiça Eleitoral local anuncia oficialmente
os nomes dos cerca de 45 candidatos a vereador em Tsu. A partir
de então, aqueles que, assim como Roni concorrem a uma vaga
na Câmara Municipal, terão uma semana de campanha.
O brasileiro
mandou imprimir exatos 501 cartazes com a foto e nome dele. Dia
19 de janeiro, esse material vai ser afixado nos locais de propaganda
permitidos: em 501 murais em diferentes bairros da cidade.
A
campanha eleitoral gera muitos gastos. Estou fazendo uma campanha
básica, apertada... dentro de tudo isso, eu gastei até
agora um milhão de ienes (cerca de 22 mil reais) ...acredito
que devo gastar mais 200 mil ienes (cerca de 4,5 mil reais)",
complementa Roni.
A eleição
será no dia 26 de janeiro. Roni calcula que para se eleger
vereador vai precisar de pelo menos 3 mil votos. Segundo o candidato,
a cidade de Tsu tem 285 mil habitantes e 38 vagas na Câmara
Municipal.
Com uma
campanha política assim solitária, sem apoio partidário
e com poucos recursos financeiros, o próprio candidato admite
que não tem chances de se eleger.
Roni
acredita que vai ter apenas 10 por cento dos votos necessários.
Mas afirma que essa candidatura precoce é uma abertura de
portas para outros estrangeiros preocupados com os problemas locais.
Eu tenho duas filhas pequenas e nós precisamos de creche.
Fiquei um ano e três meses esperando por uma vaga. Quero batalhar
por esse lado. Minha campanha tem base nesse problema, quero unir
o progresso da comunidade (brasileira) juntamente com o cidadão
japonês.
São
poucos, naquela província, os estrangeiros que adquiriram
a cidadania japonesa. Roni espera que outros tenham a mesma iniciativa
e participem de futuros processos eleitorais, como eleitores ou
candidatos.
O candidato
trabalha como soldador em uma empresa local que emprega cerca de
40 operários brasileiros. Lamenta que a maioria de seus colegas
não poderá votar nele porque não têm
a nacionalidade japonesa.
Aliás,
Roni não vai contar nem com o voto da própria esposa
Cristina, que também ainda não se naturalizou. Apesar
da previsão de que não vai se eleger, Roni garante
que não desistirá da política local. Ele afirma
que daqui a quatro anos vai se candidatar novamente. A cidade
de Tsu é cidade irmã de Osasco e justamente por esse
ponto eu gostaria de expandir.
O candidato
brasileiro imagina que o salário de vereador em uma cidade
como Tsu seja em torno de 500 mil ienes ao mês (cerca de 11,5
mil reais) , mas Roni ressalta que não se candidatou pensando
no dinheiro, como é comum entre os vereadores no Brasil.
Ele observa que o Japão tem muitos políticos com idade
avançada e conservadores, e defende que os brasileiros podem
ajudar nessa renovação política. Começando
pelas câmaras municipais até chegar nas esferas mais
altas do governo local.
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